“Frases de efeito em nada contribuem para o debate sério das dificuldades do sistema judiciário”, declarou ontem o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao rebater pesadas críticas lançadas ao Ministério Público (MP) pelo ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). “Nenhuma é a utilidade de se estabelecer competição de deficiências entre o Ministério Público e o Judiciário.” Para Gurgel, “críticas devem ser ponderadas para que possam ser tomadas em consideração”.

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Em nota, ele afirmou que “não falta ao respeito que qualquer autoridade pública deve às instituições”. “De minha parte não se ouvirão censuras ao desempenho de magistrados a pretexto de inconsequente retaliação”, disse. “Como procurador-geral, o que me cabe é trabalhar, inclusive apoiando as atividades do Conselho Nacional do Ministério Público pelo aprimoramento da instituição, que, no todo, serve muito bem ao País.”

Mendes afirmou segunda-feira que “em alguns lugares, para ficar ruim, o Ministério Público precisa melhorar muito”. Ele acusou procuradores de agirem por interesse político em muitos casos. “Que peçam desculpas, que digam que usaram e que até indenizem o Estado por terem usado indevidamente força de trabalho paga pelo poder público, paga pela sociedade, para fins partidários”, afirmou o presidente do STF.

Para Gurgel, “a avaliação feita (pelo presidente do STF) do Ministério Público é oposta à da sociedade, que, embora consciente da necessidade de suprir carências, tem a instituição como uma das que melhor funcionam e que mais merecem o seu respeito”. Ele considera que “o trabalho do Ministério Público, desde a Constituição de 1988, exemplar em muitos aspectos, não é e jamais foi visto pelo País como resultado do uso político da instituição, mas, ao contrário, como o exato cumprimento da sua missão constitucional”.

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