Procurador-geral irrita a oposição

Foto: Ciciro Back/O Estado

Antônio Fernando de Souza: não há elementos para envolver Lula no inquérito.

Embora tenham evitado fazer críticas ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, parlamentares de oposição não gostaram das declarações do chefe do Ministério Público de que não há elementos para incluir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no inquérito que investiga o mensalão.

Souza disse que o presidente da República não está envolvido no escândalo e que quem o acusa faz uma "leitura política" das investigações. "Quem não acredita na existência do mensalão é que acha que o presidente não está envolvido. Pagar mensalão significa impedir o livre exercício do Congresso. É crime de responsabilidade", disse a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), que integrou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios. Ela disse, no entanto, que o Congresso foi quem falhou ao não apresentar elementos suficientes para embasar a denúncia do procurador contra Lula. "Meu problema não é com o procurador, é com o comportamento do Congresso Nacional, que é desprezível", disse a senadora.

O senador Demóstenes Torres (PFL-GO) elogiou a "cautela que o procurador teve até agora", mas disse que "talvez tenha sido deixada de lado" ao eximir o presidente Lula. "O procurador é justo, correto, acho que ele deve continuar investigando. Elementos contra o presidente existem de sobra", disse Demóstenes. O líder da oposição no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR) preferiu considerar que a afirmação do procurador-geral "não é definitiva". O tucano disse ter certeza de que o presidente está sendo investigado. "O Ministério Público está investigando e, se o procurador encontrar elementos suficientes, vai denunciar. Ele não quer passar para a história como omisso", afirmou Dias.

A oposição tem elogiado Antônio Fernando de Souza pela primeira parte da denúncia, em que apontou 40 autoridades, políticos e dirigentes partidários como integrantes da "quadrilha" do mensalão. Entre os denunciados estava o ex-ministro José Dirceu. O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), coordenador da campanha do tucano Geraldo Alckmin à presidência da República, disse ser "natural que o Ministério Público seja cuidadoso". No entanto, completou: "Ainda há muita coisa para acontecer".

O relator da CPI dos Bingos, Garibaldi Alves (PMDB-RN), decidiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será citado em alguns episódios da investigação, mas não será responsabilizado em nenhum item do documento final. Segundo Garibaldi, Lula será citado, por exemplo, na denúncia do ex-petista Paulo de Tarso Venceslau contra o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, amigo de Lula.

Venceslau diz que Okamotto era encarregado de arrecadar dinheiro de empresas fornecedoras de prefeituras petistas no Estado de São Paulo para o caixa 2 das campanhas petistas. O ex-companheiro do PT diz que avisou a Lula sobre o esquema ilegal, mas que Lula não mandou investigar e limitou-se a recomendar que falasse com o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente. Teixeira, segundo Venceslau, disse a Lula que a denúncia não procedia. "Não há elementos contra o presidente", diz Garibaldi.

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