Problemas técnicos podem inviabilizar Eixo

A construção do Eixo Metropolitano de Transporte de Curitiba volta a ser foco de uma nova polêmica. Estudo feito pelo engenheiro civil Leopoldo Campos aponta que a obra apresenta uma série de problemas técnicos que comprometem sua viabilidade.

Campos fala sobre o assunto com a autoridade de quem tornou a Secretaria Municipal de Obras o único órgão público do País a receber o Certificado ISO 9001/2000, durante sua gestão à frente da pasta, de abril de 2002 a abril de 2003, no segundo mandato do prefeito Cassio Taniguchi (PFL). “O que se fez foi uma apresentação futurística e cinematográfica da concepção do projeto, mas sem um estudo técnico detalhado e de interesse discutível para a população”, critica.

A primeira fase do projeto, que custará R$ 72,9 milhões, prevê a construção de uma avenida com 8,8 km de extensão ligando o bairro do Pinheirinho à Praça Eufrásio Corrêa, no centro da cidade. O trecho está localizado na BR-476 (a antiga BR-116), passando pelos municípios de São José dos Pinhais, Araucária e Fazenda Rio Grande.

O custo total do projeto é de US$ 133,4 milhões (aproximadamente R$ 390 milhões), abrangendo 23 bairros, o que inclui a realização de obras para a segurança viária e ampliação da Rede Integrada de Transportes (RIT). No início do mês, Taniguchi garantiu na Justiça a abertura dos envelopes contendo a documentação das nove empresas que participam da concorrência internacional para as obras do Setor Sul do Eixo.

Risco à segurança

Mesmo assim, Campos aponta a existência de vários entraves técnicos que comprometem a eficácia da obra. Entre eles, o engenheiro cita o fato de o projeto não garantir a segurança das pessoas, sobretudo nos locais onde houver grande concentração de veículos. “O eixo não pode apontar soluções em um único nível do solo. Não se pode fazer uma obra desse porte em uma área onde vão circular 20 mil veículos por dia sem construir passarelas, trincheiras, viadutos e pontes que garantam a segurança dos usuários e das demais pessoas que circularem por essas áreas”, critica Campos, que é pré-candidato a prefeito pelo PSDC nas próximas eleições.

Custo elevado

O engenheiro também considera que o custo do projeto é muito alto. Ele calcula que a obra terá um custo de R$ 8 milhões o quilômetro – valor superior ao da construção de uma ferrovia. Ele reconhece a necessidade de Curitiba aprimorar seu sistema de transporte, mas diz que o eixo não é a única opção e acredita que o metrô poderia ser uma solução mais adequada, como ocorre com outras grandes capitais do Brasil e do mundo. “Curitiba é a única grande capital brasileira que não tem metrô. É uma obra cara, mas que produz resultados muito mais eficazes e de longo prazo”, avalia.

A experiência acumulada como secretário de Obras e diretor do Departamento de Obras de Saneamento possibilitou a Campos fazer um levantamento completo e detalhado sobre o número de obras de menor fôlego, mas fundamentais para a cidade, que deveriam ser executadas em todos os 75 bairros. Ele calcula que são necessárias 3,6 mil obras em Curitiba, ao custo de R$ 300 milhões durante quatro anos, para resolver os problemas de infra-estrutura e saneamento básico de Curitiba. Curitiba tem um orçamento estimado para investimento de aproximadamente R$ 400 milhões neste período. “A solução dos problemas da cidade é mais simples do que se pensa. É só o administrador usar bem os recursos públicos, executar as obras que interessam à sociedade e não administrar por crises”, opina.

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