O delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz afirmou nesta quarta-feira (17) em um ato contra a corrupção em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que a prisão do delegado Romero Menezes, o segundo da hierarquia da corporação, “é uma inversão do foco da discussão necessária à sociedade brasileira”. “Está se discutindo a maneira de agir da polícia e deixando de ver o grande crime social que é a corrupção existente no País”, afirmou.

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O delegado disse ainda que não pode falar sobre as acusações contra Menezes, pois as investigações são secretas. “O que posso afirmar concretamente é que o Eike Batista é associado ao Daniel Dantas”, disse ele, em referência ao empresário dono da EBX – holding brasileira que atua nos ramos de mineração, logística, energia, petróleo e gás – e ao banqueiro sócio-fundador do Banco Opportunity.

Ambos foram alvo de operações da PF. Eike Batista foi investigado pela Toque de Midas, deflagrada para desbaratar suposta fraude em licitação para beneficiar a empresa MMX Logística, subsidiária da EBX. Já Dantas chegou a ser preso na Operação Satiagraha, conduzida por Protógenes, contra um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro.

O delegado disse ainda que as críticas da maneira de agir da polícia, feitas na súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o uso de algemas já começou a mostrar resultados. “Na cidade de São Fidelis, no Estado do Rio de Janeiro, ao anunciar uma sentença que condenava a 17 anos um criminoso no Tribunal do Júri, a juíza Juliana Andrade Barichelo teve que se refugiar em uma sala junto com a promotora, pois o condenado furioso avançou contra ela. Foi preciso uma dezena de policiais e agentes penitenciários para conter o criminoso furioso. Ele não estava algemado.

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Durante a palestra para cerca de 50 pessoas presentes ao ato, o delegado da PF enfatizou a necessidade de uma campanha contra a corrupção e lembrou que sua carreira foi marcada por investigar e prender políticos corruptos. “Prendi o presidente da Câmara, o Melão (Armando Melão, ex-presidente da Câmara de São Paulo), o Prefeito Pitta (Celso Pitta, ex-prefeito da capital paulista) e o ex-governador Maluf (Paulo Maluf, ex-governador paulista). Todas as instâncias da política estavam presentes nas minhas investigações contra a corrupção.

Solidariedade

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Ele contou ainda que tem recebido uma solidariedade da população e isto está motivando sua iniciativa de criar um movimento nacional contra a corrupção. Protógenes afirmou que o PSOL é o seu maior aliado nesta tarefa, porque nasceu com o mesmo propósito. O delegado disse ainda que não é filiado a nenhuma legenda nem pretende concorrer a nenhum cargo, mas que levará a discussão com todos os partidos que tenham um propósito igual ao seu.

Queiroz viajou à capital gaúcha a convite do PSOL para lançar sua luta contra a corrupção em plena campanha eleitoral. Não hesitou ao aceitar o convite da deputada federal Luciana Genro, candidata a prefeitura da capital gaúcha pela coligação “Sol e Verde” (PSOL-PV), e justificou: “Durante as campanhas eleitorais é que temos que discutir a corrupção entre os políticos, é o melhor momento”.