Prisão de Jefferson aproxima mais PTB do Planalto

Além de abrir um debate sobre a sucessão no PTB, a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson (RJ) ajuda a aproximar ainda mais o partido do Palácio do Planalto, algo improvável de se prever nos primeiros anos subsequentes ao escândalo.

O motivo é que a condição de delator do mensalão fez com que Jefferson ganhasse a inimizade de todos os petistas, em especial os ligados à cúpula partidaria afetada diretamente pelas denúncias. A situação fez com que ficasse inviável qualquer aliança do PTB nas eleições seguintes.

O desenrolar do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), aliada à estratégia do PT agregar o maior número possível de aliados para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, mudou a relação. Jefferson, que levou o partido para apoiar o PSDB em 2010, foi perdendo força, ao mesmo tempo em que os governistas do partido, concentrados no Nordeste e no Centro-Oeste do País, foram ganhando força.

Hoje, a legenda já garante seu apoio a Dilma e em troca ganhará um ministério na atrasada reforma ministerial do presidente em exercício da legenda, Benito Gama (BA). “Temos uma certeza. Vamos marchar com a presidente Dilma Rousseff”, disse ele ao Grupo Estado. O primeiro passo da aproximação começou no ano passado, quando Dilma lhe ofereceu a vice-presidência do Banco do Brasil. Gama trabalha também pela aliança dos trabalhistas com o PT na Bahia, onde uma forte chapa de oposição, aliada ao PMDB, tentará desbancar o PT do governo.

Benito Gama disse que o PTB deverá fazer a partir de agora uma consulta a especialistas em direito eleitoral para saber se, ao ser preso, Roberto Jefferson pode continuar na presidência do PTB ou se terá de se afastar. “Nós vamos fazer a consulta sobre essas questões legais. Se Roberto Jefferson não puder ficar à frente do partido, não haverá dificuldade nenhuma. Desde que saiu a condenação do STF vínhamos conversando sobre esse assunto”, afirmou ainda Benito Gama.

O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), anunciou para esta terça-feira, 25, uma reunião da bancada trabalhista na Câmara para tratar da situação do partido, agora que o presidente licenciado foi preso. “Vamos ver como é que fica a questão legal. Do ponto de vista político, da aliança com a presidente Dilma e com o PT, Jefferson nunca criou nenhuma dificuldade. Ele sempre disse que entendia o partido e suas alianças”, disse Jovair.

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