Operação Voldemort

Primo de Richa colocou dinheiro em oficina suspeita de fraude

Dinheiro de Luiz Abi, primo do governador Beto Richa, financiava uma empresa suspeita de fraude em licitação de contrato para conserto de viaturas do governo. É o que revelou a investigação feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço policial do Ministério Público Estadual (MP). A suposta fraude levou para a prisão Abi e outras quatro pessoas.

Um dos seis mandados de prisão ainda não foi cumprido: é o de Ernani Augusto Delicato, que até fevereiro respondia como diretor do Departamento de Transporte Oficial (Deto) do governo do Paraná. Ele é servidor do quadro efetivo e estava em Brasília quando a operação foi deflagrada, na segunda-feira.

Os promotores investigam o contrato de R$ 1,5 milhão – feito em caráter emergencial em dezembro de 2014 – com a empresa Providence Auto Center, para realizar a manutenção de veículos oficiais na região de Londrina.

Em nota, o governo do estado informou que está devendo R$ 298,9 mil à empresa. De acordo com a apuração, para conseguir continuar prestando serviço enquanto não recebe do governo estadual, a Providence recebeu dinheiro de Luiz Abi. A injeção de recursos na empresa seria uma das evidências de participação de Abi na empresa, embora o nome dele não apareça na constituição oficial da oficina mecânica.

Recaem sobre Abi as suspeitas de que ele tenha preparado um esquema para que a Providence assumisse a manutenção dos veículos na região de Londrina. A investigação apontou que as propostas feitas para vencer a concorrência emergencial foram fraudadas. A Lei de Licitações exige que, em contratos emergenciais, no mínimo três propostas de preço sejam apresentadas. A apuração identificou que duas das participantes teriam feito ofertas propositalmente com valores abaixo do preço da Providence. “Houve apresentação de propostas forjadas”, afirmou a fonte ouvida pela reportagem. A Gazeta do Povo apurou ainda que os donos dessas empresas foram ouvidos pelo Gaeco nesta terça-feira.

A investigação do Gaeco levou quatro meses e o pedido de prisão preventiva encaminhado ao Judiciário tem 291 páginas. Além de Abi foram presos o advogado dele, José Carlos Luca, e também Ismar Ieger (da Providence) e Roberto Tsuneda (da KLM Brasil Indústria Eletrônica – empresa que, pelos dados da Receita Federal, pertence a parentes de Abi). Nesta terça-feira (17), foi cumprido o mandado de prisão preventiva contra Paulo Roberto Midauar, empresário do ramo de combustíveis.

Em nota, o governo estadual informou que a Providence foi contratada em janeiro de 2015 e que já fez a manutenção de 215 veículos . Ainda segundo o texto, o valor dos consertos é 11% menor do que o praticado pela oficina anterior. O governo afirma que o contrato emergencial será encerrado em breve, quando assumir uma empresa licitada assumir a gestão de todos os veículos do estado.

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