A crise entre o governador Orlando Pessuti (PMDB) e o ex-governador Roberto Requião vai passar (PMDB). Não é a primeira vez que os dois se estranham. A avaliação é de Regina Pessuti, a primeira-dama do Estado, que admitiu ontem, durante almoço com jornalistas no Palácio das Araucárias, que o momento é delicado entre Requião e seu sucessor.
Regina justificou que as mudanças feitas na equipe, pivô dos desentendimentos, não constituem “revanchismo”, mas tão somente remanejamentos. “Ele tinha que tomar decisões. Não defenestrou ninguém. São todos do governo”, disse a primeira-dama que, durante cerca de trinta minutos, apresentou seus projetos aos jornalistas, mas sobretudo, fez questão de fazer contrapontos entre os estilos de Requião e Pessuti.
“Nós somos da conciliação. Da conversa”, afirmou Regina, acrescentando que Requião e Pessuti têm diferenças que chamou de “ideológicas”, mas que sempre foram amigos. “Sempre se deram bem. Brigaram algumas vezes, mas voltaram a conversar”, disse a primeira-dama, lembrando que os dois foram deputados na mesma legislatura e eram vizinhos de gabinete na Assembleia Legislativa no início de suas carreiras.
Sobre a influência que teria tido nas trocas feitas por Pessuti na equipe, Regina negou. “Eu não mando no Orlando. Essa história não é verdade. Se mandasse no Orlando, ele estaria no Tribunal de Contas”, afirmou Regina, lembrando que Pessuti foi indicado para uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas, mas abdicou para voltar a concorrer como candidato a vice-governador de Requião, em 2006.
Mágoa
Mas entre os interlocutores de Pessuti e Requião, a opinião é que a reconciliação não deve vir tão cedo. Ontem, Luiz Carlos Delazari pediu demissão da Corregedoria e Ouvidoria Estadual, onde estava desde o início do segundo mandato de Requião, em 2003.
O pai do ex-secretário de Segurança Luiz Fernando Delazari não justificou sua saída na nota que distribuiu comunicando a decisão. O filho foi cortado da equipe na segunda-feira à noite e a demissão foi uma das que desencadeou o conflito entre Requião e Pessuti.
Ontem, em seu twitter, Requião deixou o assunto de lado, mas mandou novo recado. “Em SP, Goldman manteve na integra secretariado de Serra. Em MG, Anastasia fez o mesmo com Aécio. São companheiros, jogam juntos..”, queixou-se o ex-governador do Paraná, que ameaçou retirar seu apoio à pré-candidatura de Pessuti ao governo se o sucessor não crescer nas pesquisas de intenções de votos.
O deputado Nereu Moura, um dos cotados para assumir a liderança do governo na Assembleia Legislativa, disse que se o atual e o ex-governador romperem, será um desastre para os dois e para o partido. “O Pessuti conviveu durante oito anos com o estilo de Requião. Ele sempre soube superar as desavenças. Ele vai ter que administrar isso”, afirmou.