O tenso processo de prévias do PSDB para definir o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo começa a ter efeitos diretos sobre outra administração, a do governo do Estado.
Braço direito de Geraldo Alckmin, o titular da Casa Civil, Edson Aparecido, responsável pela articulação política do Palácio dos Bandeirantes e ex-coordenador da campanha do tucano à reeleição em 2014, perdeu espaço no governo por não ter apoiado o empresário João Doria, que é apoiado pelo governador.
Ele deve deixar o cargo na reforma do secretariado, que deve acontecer no primeiro semestre. O Palácio dos Bandeirantes nega a mudança e qualquer tipo de retaliação a tucanos que não estejam apoiando o pré-candidato favorito do governador. O titular da Casa Civil, no entanto, tem passado por um processo de isolamento político.
Na terça-feira, por exemplo, Aparecido não foi convidado para uma reunião de Alckmin sobre mudanças no secretariado. Como titular da Casa Civil e responsável pela campanha que reelegeu o governador em primeiro turno, o secretário sempre teve livre acesso ao chefe do Executivo paulista. A situação agora é diferente.
A gota d’água que azedou a relação entre Alckmin e Aparecido foi um discurso do secretário, em um ato de encerramento da pré-campanha de Doria, no qual ele pregou unidade ao PSDB, exaltou os quadros “históricos” do partido, mas não declarou voto no empresário. O governador não teria gostado da atitude do auxiliar.
Discurso
Dirigentes tucanos dizem de forma reservada que a disputa pela vaga de candidato à Prefeitura de São Paulo causou um racha irreversível no partido.
Até aliados de Alckmin acreditam que haverá mudanças no primeiro e no segundo escalão do governo. Entre os nomes que podem ser substituídos estão o secretário de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, que não apoiou Doria, e vários nomes do segundo escalão da secretaria de Cultura que seriam ligados ao vereador Andrea Matarazzo.
Colaborou para o desgaste de Aparecido a citação a uma compra de um imóvel em Moema, zona sul da capital: o tucano teria adquirido um apartamento que pertencia a um empresário cuja empresa presta serviços ao governo estadual.
O secretário nega irregularidades na negociação e contesta a reportagem publicada sobre o assunto pela imprensa. Outro episódio que incomodou o governador foi o surgimento do nome do ex-chefe de gabinete da Casa Civil, Luiz Roberto dos Santos, o “Moita”, nas investigações da Operação Alba Branca.
Ele seria beneficiário de propina no esquema de corrupção e superfaturamento na venda de produtos agrícolas para merenda de escolas de prefeituras e Estado.
O apoio de Alckmin a Doria, em oposição à adesão de tucanos históricos como Fernando Henrique Cardoso e José Serra a Matarazzo, antecipou para as prévias municipais um embate que se esperava apenas para 2018, quando o governador pretende disputar novamente a Presidência, cargo também almejado por Serra.
Alckmin foi candidato em 2006, quando não conseguiu evitar a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, e o hoje senador por São Paulo foi derrotado em 2002 e 2010. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo