Pressão de Alckmin agita ninho tucano

A executiva nacional do PSDB vai realizar a partir da segunda quinzena deste mês uma sondagem entre a bancada federal, governadores e diretórios estaduais para buscar um nome de consenso na legenda entre os presidenciáveis do partido, governador Geraldo Alckmin (SP) e o prefeito de São Paulo, José Serra.

São Paulo – O presidente do diretório estadual de São Paulo, o deputado estadual Sidnei Beraldo, disse que "não seria bom para o partido" que a disputa entre governador e prefeito derivasse para a realização de uma prévia em março. "Não podemos entrar em março com essa indefinição", afirma o senador tucano por Santa Catarina, Leonel Pavan, que também faz parte da executiva nacional. O governador paulista botou mais pressão no impasse tucano ao anunciar domingo que vai deixar o cargo até 1.º de abril para tentar concorrer à Presidência da República.

O prefeito José Serra, que está bem adiante de Alckmin nas pesquisas de opinião pública, sendo considerado o nome de oposição com maior poder de fogo para derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por enquanto, ainda não assumiu sua intenção de concorrer à presidência. No entanto, apesar de ter vantagem de mostrar desempenho melhor que Alckmin nas pesquisas de intenção de voto e na condição de único presidenciável a bater o presidente Lula nas sondagens, Serra enfrenta problemas.

Em seu partido, há resistências ao nome do prefeito. Muitos tucanos acham complicado Serra abrir mão do quarto orçamento da República, na primeira vez em que o PSDB tem a oportunidade de administrar a capital de São Paulo. "O presidente Tasso me contou que, a partir da segunda quinzena de janeiro, ele vai dar início ao processo de discussão dentro do partido", disse Beraldo.

Sem citar preferências, Pavan e Beraldo concordam que o candidato tucano à Presidência da República terá que aliar um passado ético com experiência administrativa e um bom plano de governo, "que nos livre dessa armadilha de juros altos e câmbio desvalorizado", como afirma o presidente do diretório paulista.

Sem divisão

Geraldo Alckmin negou ontem que sua decisão de anunciar que se afastará do cargo em março por causa de sua pré-candidatura à Presidência da República possa criar uma divisão interna no PSDB. Alckmin se mostrou confiante na capacidade do PSDB de se unir em torno de um único nome. "Nós não estamos causando nenhuma divisão", disse o governador, após cerimônia no Palácio dos Bandeirantes para sancionar a lei que cria a Defensoria Pública no Estado de São Paulo. "O PSDB tem uma tradição de busca da unidade partidária", acrescentou. Alckmin ressaltou que sua decisão de anunciar que deixará o cargo reflete a transparência com que tem tratado a eleição, deixando claros seus objetivos políticos. "Acho que isso é bom para o partido."

Ele insistiu ainda que não acredita que seu anúncio pressione de alguma forma o prefeito de São Paulo a fazer o mesmo ou ainda que force o próprio PSDB a acelerar sua decisão sobre quem será o candidato à presidência. De acordo com Alckmin, esta foi uma atitude óbvia diante das exigências da lei eleitoral. "Eu quero ser candidato à Presidência da República, tenho colocado isso de maneira muito clara, muito objetiva", disse Alckmin. "É óbvio que tenho que deixar o governo antes do prazo da lei", acrescentou.

O governador de São Paulo disse ainda que não vê motivo para constrangimento caso o PSDB opte por lançar o nome de Serra para a presidência. "Não há constrangimento. Eu acho que as coisas estão caminhando bem", disse.

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