Presos acusados do caso dos Correios no Paraná

Aliocha Maurício / GPP

Delegados da Polícia Federal estiveram em Curitiba para apreender material e prender dois envolvidos no caso dos Correios.

Brasília – A Polícia Federal prendeu ontem o ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI) José Fortuna Neves e mais três pessoas (duas delas em Curitiba) acusadas de envolvimento na gravação da fita em que o ex-chefe do Departamento de Contratação dos Correios Maurício Marinho é flagrado recebendo um pacote de R$ 3 mil de dois falsos empresários. O dinheiro seria parte de uma propina para fraudar uma licitação.

Fortuna foi preso de manhã em Brasilia, quando prestava depoimento ao delegado Luís Flávio Zampronha. Além de Fortuna, a Polícia Federal prendeu o militar reformado da Marinha Arlindo Molina, no Rio de Janeiro, e João Carlos Mancuso e Joel Santos Filho, ambos no Paraná. Os três foram transferidos para Brasília. A PF fez busca e apreensão de documentos e computadores nas casas dos quatro suspeitos.

Em seu depoimento, Fortuna negou qualquer envolvimento com as fitas. Ele negou também que tenha usado a gravação para achacar o presidente do PTB, Roberto Jefferson, um dos padrinhos políticos de Marinho. Segundo o advogado, Fortuna não sabe por que Jefferson mencionou o nome dele no pronunciamento que fez na Câmara quando o escândalo se tornou público.

Ao fazer sua defesa no plenário da Câmara, Jefferson disse que a denúncia teria origem em interesses de empresas contrariadas em licitação de mais de R$ 35 milhões na estatal. Jefferson contou que no dia 3 de maio foi procurado por um homem identificado como coronel Fortuna, dizendo que tinha a fita com gravações que complicavam sua vida e a de Maurício Marinho.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, Fortuna, representante da Intermec, multinacional que participou de uma licitação dos Correios no início de 2005, negou participação no episódio. E afirmou estar sendo envolvido num complô de grupos em guerra dentro dos Correios. O ex-agente do SNI é dono da empresa Atrium Engenharia, que representa empresas interessadas em licitações milionárias na estatal. Ele disse acreditar que Marinho, indicado pelo PTB, tenha sido pego em uma armação preparada por integrantes do grupo adversário, comandado pelo diretor de Tecnologia, Eduardo Medeiros, homem do PMDB e do PT.

A guerra nos Correios pelo controle das licitações e contratos coloca de um lado o grupo comandado pelo PTB e, do outro, o comandado pelo PMDB/PT. Enquanto o PTB controlava a área administrativa, que assina contratos e controla os pregões, os indicados pelo PMDB/PT estão na área que determina as especificações para as compras por licitação.

Curitiba

A delegada Priscila Fanini afirmou em Curitiba que Mancuso e Santos não resistiram à prisão e foram encaminhados para a sede da Polícia Federal (PF), na rua Ubaldino do Amaral. "Eles não ficaram na cadeia nem foram ouvidos em depoimento, já que o caso está sendo cuidado pela Polícia Federal em Brasília", disse. Por volta das 15h30, os dois acusados deixaram a sede da PF em um Siena azul metálico e seguiram direto para o aeroporto, de onde partiram em um avião da Polícia Federal, segundo informações da delegada. Eles não tiveram nenhum contato com a imprensa, que aguardava declarações no hall da sede da PF.

Tão logo o veículo deixou o local, uma dupla de delegados da Polícia Federal de Brasília deixou a sede da PF carregando pastas de couro contendo documentos apreendidos na residência dos suspeitos. 

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