O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão, disse nesta sexta-feira (28) considerar “improvável” que a Operação Lava Jato seja anulada pelo Judiciário.

continua após a publicidade

“Acho improvável (a anulação) pelos fatos que me estão postos”, afirmou. Ele ressaltou, no entanto, que a delação premiada deve ser acompanhada de provas para verificar a veracidade do que foi dito pelos colaboradores.

O STJ já anulou operações policiais consideradas importantes nos últimos anos como a Castelo de Areia e a Satiagraha, por considerar que escutas telefônicas ou coletas de provas foram feitas de maneira ilegal.

O ministro Luís Felipe Salomão, relator no STJ de investigações da Lava Jato que envolvem autoridades com prerrogativa de foro no Tribunal, como governadores, preferiu não fazer avaliações sobre a possível nulidade da operação.

continua após a publicidade

“Ainda é muito cedo para fazer qualquer juízo”, afirmou, concordando com Falcão sobre a importância de a delação ser um dos elementos de prova, que precisa vir “sufragada” pelo conjunto de indícios.

De acordo com ele, a Lava Jato “seguramente vai aprimorar a forma com que o Judiciário olha para a delação”. Além dos políticos investigados perante o Supremo Tribunal Federal (STF), há autoridades alvo de inquéritos que correm no STJ em razão do foro especial.

continua após a publicidade

Atualmente, tramitam na Corte ao menos quatro investigações relativas ao possível envolvimento de autoridades no esquema de corrupção da Petrobras. Uma investigação tem como alvo o governador do Acre, Tião Viana (PT), outra investiga o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o ex-governador Sérgio Cabral.

Há ainda inquérito sobre o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e uma apuração sigilosa sobre um desembargador de Santa Catarina. De acordo com Salomão, as investigações da Lava Jato na Corte estão avançadas. “Ainda estamos em fase de inquérito e imagino estarem as investigações prestes a serem concluídas”, afirmou o ministro.

Com a conclusão das apurações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode oferecer denúncia – acusação formal – contra os governadores ou pedir o arquivamento das investigações. “A partir de breve espaço de tempo seguramente o Ministério Público vai se posicionar – ou oferecer denúncia, ou arquivar ou solicitar novas diligências”, afirmou Salomão.

O presidente do STJ e o ministro relator da Lava Jato divulgaram nesta sexta-feira (28), a realização de um seminário internacional de combate à lavagem de dinheiro e ao crime organizado, a ser organizado pelo tribunal na próxima semana. De acordo com o presidente do STJ, ministro Francisco Falcão, a nova legislação de combate à corrupção, desde 2012, permite um “Brasil mais transparente”.

Ele afirmou que o seminário pode debater propostas de que a execução da pena tenha início antes do trânsito em julgado – ideia encampada pelo juiz federal Sérgio Moro, condutor da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná. “Dei exemplo dos Estados Unidos, onde a legislação permite isso, no nosso sistema é diferente. Vamos debater o assunto”, afirmou Falcão.