O presidente da Eletronuclear, capitão-de-mar-e-guerra da reserva Leonam dos Santos Guimarães, afirmou em nota nesta quarta-feira, 3, que não tem “laços especiais de amizade” com o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-chefe da subsidiária da Eletrobrás condenado a 43 anos de prisão na Operação Lava Jato. Leonam admitiu ter sido sondado pelo almirante para assumir a Diretoria de Operação da Eletronuclear.

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Em recurso ao Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), a força-tarefa da investigação citou o nome de Leonam ao afirmar que o ex-presidente Michel Temer (MDB) mantém “poder de influência” na estatal.

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Os procuradores apresentaram um e-mail, de 2011, no qual o então presidente de Eletronuclear, almirante Othon, indicou Leonam para a diretoria de Operação.

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A mensagem que a Lava Jato resgatou foi enviada por Othon para o empresário Carlos Alberto Montenegro Gallo em 6 de fevereiro de 2011, às 14h42.

“Prezado Gallo, peço fazer chegar o currículo anexo às mãos do Limoeiro com a maior brevidade. Cargo desejado diretor de Operações da Eletronuclear. Muito importante. Obrigado. Othon.”

A Lava Jato afirma que “Limoeiro” é o coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, amigo de longa data do ex-presidente.

Em nota, o atual chefe da Eletronuclear informou que trabalhou com Othon no programa nuclear da Marinha de 1986 a 1992.

“Em 2005, quando assumiu a Presidência da Eletronuclear, Othon convidou Leonam, que naquela ocasião estava indo para a reserva, para ser seu assistente. A relação entre os dois sempre foi de chefe/subordinado, sem laços especiais de amizade”, declarou o presidente da estatal, na nota.

O presidente da Eletronuclear afirmou que o e-mail “não resultou em nenhuma nomeação”.

“Leonam admite que, na ocasião, foi sondado por Othon para assumir a Diretoria de Operação da Eletronuclear, mas desconhece o encaminhamento dado à questão”, aponta a nota.

Othon foi alvo de uma das primeiras fases da Lava Jato no Paraná. Em julho de 2015, o almirante foi preso por ordem do então juiz federal Sérgio Moro. No ano seguinte, voltou a ser preso por ordem do juiz federal Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio. Deixou a cadeia em 2017 por ordem do Tribunal. Ele está condenado a 43 anos de reclusão.

Defesas

Confira a nota da Eletronuclear e Leonam dos Santos Guimarães:

“Leonam dos Santos Guimarães trabalhou com Othon Luiz Pinheiro da Silva no programa nuclear da Marinha de 1986 a 1992. Em 2005, quando assumiu a Presidência da Eletronuclear, Othon convidou Leonam, que naquela ocasião estava indo para a reserva, para ser seu assistente. A relação entre os dois sempre foi de chefe/subordinado, sem laços especiais de amizade.

O e-mail citado no recurso do MPF é de 2011 e não resultou em nenhuma nomeação. Leonam admite que, na ocasião, foi sondado por Othon para assumir a Diretoria de Operação da Eletronuclear, mas desconhece o encaminhamento dado à questão.

Segue abaixo a relação dos cargos ocupados por Leonam desde que chegou na Eletronuclear. Vale ressaltar que as recentes indicações para a Diretoria Técnica e a Presidência são resultado do robusto processo de elegibilidade implementado nas empresas Eletrobras no fim de 2016, como parte do Programa de Compliance Eletrobras 5 Dimensões, em atendimento à Lei das Estatais.

2005-2013: Assistente Técnico da Presidência da Eletronuclear

2013-2014: Diretor Técnico-Comercial da Amazul Tecnologias de Defesa S.A.

2014-2017: Diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da Eletronuclear

2017-2018: Diretor Técnico da Eletronuclear

2018-Hoje: Diretor Presidente da Eletronuclear”

O criminalista Antonio Sérgio de Moraes Pitombo, defensor do ex-ministro Moreira Franco, declarou. “A defesa de Wellington Moreira Franco vem esclarecer que vê com naturalidade o recurso do Ministério Público Federal, não obstante não encontre uma linha daquela petição que possa concordar.”

Em nota, o criminalista Eduardo Carnelós, que defende Michel Temer, afirmou que “a decisão que concedeu liminar para determinar a libertação de Michel Temer é sólida, consistente e amparada no Direito. O agravo interposto pelo MPF não trouxe nenhum elemento idôneo capaz de justificar a alteração daquela decisão do Desembargador Federal Ivan Athié. Por isso, o que se espera é que a Turma Especializada do TRF-2 conceda a ordem e torne definitiva a liminar, para cassar a decisão que decretou a prisão preventiva”.

A defesa de João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, exercida pelos advogados Maurício Silva Leite e Cristiano Benzota, informou que “ainda não teve acesso ao recurso apresentado pelo Ministério Público Federal, mas declarou que a decisão que restituiu a liberdade ao sr. Lima e irretocável e cumpriu rigorosamente o que prevê a Constituição Federal, além de demonstrar a serenidade e imparcialidade do Tribunal ao apreciar a questão.