O presidente das duas CPIs da Petrobras do Senado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou nesta quarta-feira, 18, que vai buscar o diálogo com o ministro do Tribunal de Contas da União José Jorge para que ele possa ajudar nas investigações parlamentares. José Jorge é relator na Corte de processos que envolvem a Petrobras, inclusive o que envolve a compra da refinaria de Pasadena (EUA), operação que trouxe a presidente Dilma Rousseff para o centro da polêmica sobre a gestão da estatal.

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Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta quarta-feira revelou que parlamentares da base aliada decidiram investigar José Jorge tanto na CPI do Senado quanto na mista, numa tentativa de constrangê-lo. Ele foi ministro de Minas e Energia do governo Fernando Henrique Cardoso e é réu em uma ação proposta em 2001 que aponta um prejuízo de R$ 2,3 bilhões numa operação de troca ativos entre a estatal e a companhia ibero-argentina Repsol-YPF. Esse processo foi remetido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) à CPI do Senado.

Hoje pela manhã, durante sessão da CPI do Senado, o líder do PT da Casa, Humberto Costa (PE), o relator da comissão, José Pimentel (PT-CE), e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) cobraram o comparecimento de José Jorge à comissão do Senado para falar sobre Pasadena. Nos bastidores, a intenção era aproveitar a vinda dele para questioná-lo também sobre a troca de ativos. O ministro do TCU declinou o convite aprovado pela comissão, que não o obrigava a comparecer na CPI do Senado.

Humberto Costa (PE) chegou a defender o afastamento de José Jorge do comando de todos os processos que envolvem a Petrobras no âmbito da Corte. “Eu que estou constrangendo este cidadão porque, na verdade, ele deveria se declarar suspeito de todos os processos da Petrobras”, afirmou Costa, antes do início do depoimento do gerente de Engenharia de Custos da estatal, Alexandre Rabello.

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Vital do Rêgo disse que vai tentar conversar novamente com o ministro do TCU para que ele possa cooperar com as comissões. Ele citou o fato de que, no depoimento desta manhã da CPI do Senado, que ouviu o gerente de Engenharia de Custos da estatal, Alexandre Rabello, metade das 70 perguntas feitas pelo relator tinha relação com o TCU. “Isso quer dizer que o TCU tem muito a oferecer como Casa que trabalha no controle externo ao Poder Legislativo”, afirmou o presidente das CPIs.

Embora na CPI mista tenha sido aprovado um requerimento de convocação de José Jorge, o que o obriga a comparecer, Vital disse que o momento é de “diálogo” e de “entendimento”. “Precisamos de informações do TCU e haveremos de ter. Efetivamente temos um ministro cordial e cortês e espero que ele entenda que tanto a (CPI) mista quanto a própria (do Senado) têm a responsabilidade de aprofundar as investigações”, destacou. Questionado pelo Broadcast Político se vai apelar para uma condução coercitiva, medida cabível aos convocados por CPIs que se recusarem a comparecer, ele respondeu: “Não, claro que não”.

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