Allan Costa Pinto
Jorge Bernardi disse que há suspeitas de formação de cartel entre as empresas.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as irregularidades no transporte público de Curitiba, conhecida como CPI da Urbs, fará mais uma reunião na próxima quinta-feira (01), desta vez no período da manhã, na Câmara Municipal de Curitiba.

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Segundo o presidente da CPI, vereador Jorge Bernardi (PDT), há indícios de irregularidades envolvendo a Urbs e as empresas que operam o sistema de transporte coletivo da cidade. Bernardi disse que existe um roteiro a ser seguido, mas que a CPI tem quatro pontos primordiais de análise e investigação.

O primeiro ponto é a análise de lucro excessivo das empresas. “Cada empresa lucra R$ 0,69 por quilômetro rodado. Como elas rodam em torno de 450 mil quilômetros por dia, isto representa um lucro diário de R$ 310 mil e ao ano este valor atinge R$ 102 milhões. Nós entendemos que este valor está superfaturado”.

O segundo ponto que a CPI investigará é o processo licitatório que ocorreu há três anos. Bernardi afirma que este processo gerou a atual tarifa de R$ 3,00 e que está sendo subsidiado há mais de um ano.

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“Há suspeitas de que este processo não permitiu que houvesse uma disputa para definir as empresas que operariam o sistema, já que as exigências impostas no edital dificultavam a participação de empresas que não fossem de Curitiba como, por exemplo, a exigência da empresa operar em canaletas exclusivas por, pelo menos 25 anos. Entendemos que tal exigência facilita a formação de cartel e queremos saber quem elaborou o edital e se o mesmo foi feito para facilitar a vitória das empresas que já estavam operando o sistema”.

Ainda sobre o processo licitatório, Bernardi disse que a CPI quer saber se não houve superfaturamento na compra de 544 ônibus de uma vez só da empresa Neobus, localizada na cidade gaúcha de Caxias do Sul.

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“Nunca nenhuma das 11 empresas que operam o sistema de transporte coletivo de Curitiba tinham comprado qualquer ônibus da empresa Neobus, por que então, resolveram comprar todos juntos e de uma só vez de uma única empresa?”, questionou o vereador.

O terceiro ponto que a CPI investigará é o que diz respeito à composição da tarifa e sobre este assunto, na próxima quinta-feira, os vereadores pretendem ouvir o atual diretor de transportes da Urbs e que na gestão anterior atuava como diretor jurídico da empresa, Rodrigo Grevetti.

O quarto e último ponto que será investigado pela CPI, segundo Bernardi, são os indícios de que as empresas não recolheram corretamente o ISS e ainda assim participaram da licitação. “Se as empresas estavam inadimplentes com o município não poderiam participar da licitação”.

A respeito do prazo para a conclusão dos trabalhos da CPI, o vereador disse que incialmente foi estipulado um período de 90 dias para a conclusão dos trabalhos, contudo “observamos que este período será insuficiente, já que ainda estamos no início das investigações. Sendo assim, teremos que prorrogar o prazo, mas esperamos que até o final do ano ou início de 2014, nós tenhamos uma conclusão para apresentar à sociedade, já que é um assunto que incomoda muito aos curitibanos, que exigem respostas”.

Bernardi finalizou dizendo que a CPI é um processo de investigação parlamentar e não tem poder de prender ninguém. “O que faremos assim que concluirmos os trabalhos é encaminhar o processo ao Ministério Público que decidirá sobre o indiciamento dos possíveis envolvidos nas irregularidades”, finalizou o vereador.

No aguardo

A respeito dos indícios de irregularidades apresentados pelo vereador Jorge Bernardi, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), por meio de sua assessoria de imprensa, informou que aguardará a finalização dos trabalhos da CPI para se posicionar sobre o assunto.