O avanço da Operação Lava Jato sobre as empreiteiras e a Petrobras será ineficaz se não houver mudança também do lado do governo, avalia o presidente da Andrade Gutierrez (AG) Construção, Clorivaldo Bisinoto. Em meio ao turbilhão causado pela prisão de executivos do grupo pela Polícia Federal, o executivo falou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

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Bisinoto admite que o envolvimento da AG nas investigações do esquema de corrupção afetou sua capacidade de financiamento e garante que a empreiteira quer participar do programa de concessões de infraestrutura.

Na decisão em que determinou a prisão preventiva de executivos da Odebrechet e da Andrade Gutierrez, o juiz Sérgio Moro, à frente da Operação Lava Jato, sustenta que o programa de concessões recém lançado poderia ser uma nova fonte de corrupção para as empreiteiras, que poderiam reincidir em crimes.

“O sistema vai mudar? Se o sistema não mudar muitas empresas vão continuar jogando o jogo do sistema. Nós não, já definimos. Quem é essa figura que está trabalhando para mudar o sistema? Não estou vendo isso. Até agora só um lado está sendo questionado. E o outro lado?”, disse Bisinoto, que cuida de obras como Belo Monte e o Metrô da Bahia.

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Em comunicado público a Andrade Gutierrez rechaçou o argumento de Moro, afirmando que “é inconstitucional e ilegal a afirmativa da “equipe” de acusação de que as empresas ora investigadas não deveriam participar do novo pacote de investimentos do governo federal”.

“Achamos que estamos limpos e vamos continuar como empresa de engenharia de construção. Se surgir um programa de concessões, a gente quer participar”, diz Bisinoto. Ele enxerga espaço para a Andrade Gutierrez em todas as áreas: portos, aeroportos, logística, ferrovias. Mas critica a falta de regras claras do programa, que diz ainda não passar de “intenção”.

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De acordo com Bisinoto a AG tende a reduzir sua fatia em obras públicas por considerar que o risco é alto. Ele cita a paralisação de obras do grupo na Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), por falta de dinheiro do governo federal. “É um tal de para e recomeça que não conseguimos manter a rentabilidade dos contratos. Estamos perdendo muito dinheiro no setor público”, diz. Hoje 40% das obras da empresa são contratadas com governos.

Questionado sobre os impactos da Operação Lava Jato para o grupo Andrade Gutierrez, o presidente da AG Construção admite que o envolvimento no processo afetou sua capacidade de financiamento. O executivo admite haver preocupação quanto a um possível rebaixamentos da nota de classificação de risco pelas agências de crédito. Na terça-feira a Standard & Poor’s rebaixou o rating da Odebrecht, outra construtora envolvida nas investigações da Polícia Federal.

Sobre as alternativas de financiamento da AG, Bisinoto é taxativo: dinheiro dos acionistas. “Nós sofremos um grande prejuízo. Nosso crédito está limitado. Os bancos não estão mais emprestando pra gente como antes. E não é pelo grupo estar fragilizado. É pelo simples envolvimento na Lava Jato”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.