Presidência do PMDB nas mãos de Jobim

Nelson Jobim, ex-deputado federal, ex-ministro da Justiça do presidente Fernando Henrique Cardoso e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal revelou ontem que está tudo encaminhado para ser o novo presidente nacional do PMDB. Ele inclusive já teria apresentado ao atual presidente do partido, Michel Temer (SP), seus planos de trabalho destinados a pacificar a legenda, que vai dar sustentação e participar do segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP).   

Jobim fez o anúncio ontem durante conversa com o jornalista Jorge Bastos Moreno, de O Globo, embora a notícia já havia sido divulgada na edição de ontem do jornal fluminense, pelo colunista Ancelmo Gois. A mudança no comando da legenda era esperada uma vez que o deputado Michel Temer não goza de simpatia do presidente Lula e durante as eleições presidenciais deste ano apoiou o tucano Geraldo Alckmin. Por esta razão, Temer não tem mais condições políticas de se sustentar à frente da legenda.

Cotado para ser ministro de Lula, Jobim está sendo classificado de ?pacificador? da legenda que, segundo cardeais do partido, dará um inédito apoio unido ao presidente, o que facilitará a costura de um governo de coalizão. Jobim apresentou seu projeto a Michel Temer na manhã de quarta-feira, horas antes de Lula receber dirigentes do PMDB no Planalto.

Antes, no entanto, consultou dirigentes próximos a Lula, como o presidente do senado, Renan Calheiros (AL), e os chamados ?não alinhados??, como o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PE), entre outros. Há quinze dias, durante almoço em Brasília entre os senadores José Sarney, Renan Calheiros e outras lideranças peemedebistas, com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello, Sarney cogitou para o governador do Paraná, Roberto Requião, que Jobim poderia ser uma alternativa para o comando do partido.

O atual presidente do PMDB, ao ser consultado sobre a candidatura de Jobim, reagiu com serenidade: ?Jobim foi correto, como sempre, ao me apresentar a postulação. Respondi que posso até vir a indicá-lo, porém mais próximo de março de 2007, quando termina meu mandato?.

Político

Jobim foi ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso. À frente do supremo, foi alvo de críticas por supostas decisões políticas da corte. Na época, o ex-ministro se defendeu e lembrou que assim como foi chamado de líder do governo FHC, foi acusado por alguns de ser o líder do governo Lula no tribunal.

A mudança no comando do PMDB se dá diante da manifestação de integrantes do partido de que Temer já não fala mais pela maioria. Em 2002, os governadores do PMDB defendiam apoiar o governo Lula sem aceitar cargos. Agora, a maioria é a favor de apoiar e participar da gestão.

Os governistas do partido consideram que o entendimento interno para participar do governo só não avançou mais porque eles não confiam na costura de Temer, pelo fato de ele ter feito campanha para o tucano Geraldo Alckmin no segundo turno e ter investido na candidatura de Anthony Garotinho.

A convenção nacional do PMDB para eleger a nova direção ocorrerá apenas em março, mas os governistas pretendem excluir Temer dos entendimentos. Segundo eles, o deputado deveria abdicar de participar do processo, abrindo espaço para que os aliados de Lula comandem as negociações. Nesta semana, Lula apresentou a Temer o documento Agenda Mínima da Coalizão, articulado por Nelson Jobim e pelo deputado Geddel Vieira Lima e, depois, pelo ministro Tarso Genro.

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