Prejudicadas negociações entre tucanos e o PMDB

As negociações entre tucanos e peemedebistas para fechar uma composição eleitoral refluíram ontem diante das dificuldades de se chegar a um acordo sobre qual partido deve ceder a cabeça de chapa para a disputa ao governo. Setores do PMDB e do PSDB fazem hoje, véspera da convenção do PMDB, um derradeiro esforço em favor da aliança, que foi praticamente descartada ontem pelo senador Roberto Requião, pré-candidato do PMDB ao governo do Estado.

A tentativa hoje é de reunir Requião com o candidato tucano, Beto Richa, e o seu pai, o ex-governador José Richa. A conversa entre Requião e Beto, marcada para ontem, foi substituída por um encontro do senador peemedebista com o presidente estadual do PSDB, Basílio Villani, que não avançou. Mas a gota d?água no rumo das negociações foi um telefonema recebido pelo senador, logo após a conversa com Villani. Neste telefonema, um interlocutor informou a Requião que o presidente nacional do PSDB, deputado federal José Aníbal, acabava de definir que não aceitaria outra composição com o PMDB no Paraná que não fosse a indicação de Beto Richa como candidato ao governo.

Irritado com esta posição, que considerou como um rompimento das negociações, o senador passou a declarar que considerava descartada a hipótese de uma coligação com o PSDB do Paraná. “Acho que vamos de chapa puro sangue. O PSDB provavelmente vai com o PFL e farão a coligação do Caixa 2”, disparou Requião.

Ele disse que o PMDB não tem nada a perder se disputar sozinho a eleição.

“Vamos sem coligação, sem manchas, sem máculas, sem compromissos ou acordos. O PMDB vai sair com sua identidade reforçada. O eleitor não terá duvidas no que estará votando – no PMDB velho de guerra”, comentou. No caso de não fechar coligação, o PMDB já decidiu que lançará apenas um candidato ao Senado – o ex-governador Paulo Pimentel – e o candidato a vice-governador na chapa será um deputado, escolhido pela bancada estadual do partido.

Bombeiro

Informado do teor do recado transmitido a Requião, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão (PSDB), principal articulador da aproximação entre tucanos e peemedebistas, decidiu intervir tentando apagar o mal estar causado pelo telefonema. Brandão pretendia apaziguar os ânimos numa visita que faria ontem à casa de Requião em Curitiba. O presidente da Assembléia, ajudado por alguns peemedebistas, iria tentar convencer Requião a conversar com os Richa, pai e filho.

Na conversa pela manhã, Villani insistiu com Requião na oferta de duas vagas ao Senado para o PMDB sem abrir a possibilidade da retirada da candidatura de Beto ao governo e sua substituição pelo senador. Requião recusou de pronto a proposta. O PMDB somente aceitaria um acordo com os tucanos se obtivesse a candidatura ao governo e uma das vagas ao Senado. A contraproposta do PMDB aos tucanos é que o PSDB indique o vice-governador e um candidato ao Senado. “O PMDB não aceitou nossa proposta. Não vamos perder mais tempo”, afirmou Villani.

Sem acordo de última hora

Edilson Romanini

O pré-candidato do PMDB ao senado, o ex-governador Paulo Pimentel, não aposta em novidades nos bastidores políticos até amanhã, quando acontece a convenção estadual do partido. Ele lembra que o pré-candidato ao governo, o senador Roberto Requião, ainda está tentando costurar um acordo com o PSDB. “Mas isso não significa que temos opiniões conflitantes. Apenas não acredito em alianças em cima da hora. As posições já estão definidas e ninguém quer abrir mão das candidaturas”, justificou.

Parlamentares, vereadores e prefeitos dizem que o clima no PMDB é de absoluta confiança. Mais de de 50 deles se reuniram num jantar na casa do deputado estadual Caíto Quintana e saíram com uma certeza: coligando ou não, o partido tem grande chance de vitória nas eleições de outubro. “Ainda mais agora que o Requião assumiu em definitivo a candidatura ao governo”, resumiu o anfitrião.

A confiança do deputado ficou ainda maior depois que o comando peemedebista deixou a hesitação de lado e partiu para a organização da campanha. Em Curitiba, uma empresa já está produzindo grande quantidade de material a pedido do partido. Entre os produtos, adesivos de “Requião Governador” para serem colocados nas ruas já na próxima segunda-feira, dois dias depois da confirmação das candidaturas.

Rédeas na mão

O jantar também serviu para mostrar que o senador está com as rédeas do partido nas mãos. Se não acontecer nenhuma coligação ainda para a disputa no primeiro turno, ficou acertado que o PMDB vai para a convenção com chapa única: Requião para o governo e Pimentel para o Senado. Essa foi a condição imposta para confirmar o nome dele e o do ex-governador na disputa. Requião também garantiu a prerrogativa escolher ele próprio o vice na chapa ao governo. Entre os mais cotados estão o próprio Caíto e o colega dele de Assembléia, Orlando Pessuti.

As regras definidas no jantar também dizem respeito a candidatura de Pimentel. Os intergrantes do partido deram carta branca para que ele escolha seu suplente ao Senado. Ontem à tarde, os deputados estaduais se reuniram com Milton Buabsi, que é integrante da executiva do PMDB, e também pretende disputar uma das vaga ao Senado. O recado dos parlamentares foi claro. Ele foi informado de que a decisão de colocar apenas o nome do ex-governador à disposição do eleitorado já estava tomada.

O deputado Ricardo Chab, que também marcou presença no jantar, mantém poucas esperanças sobre uma possível coligação com os tucanos. Ele faz uma análise fria da situação. “Isso só vai acontecer se o PSDB afinar”. Chab lembra o empenho do presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão, para selar o acordo. “Com ele na negociação tudo pode acontecer, mas está difícil alguém abrir mão da cabeça de chapa”, pondera.

Caíto também entra na conversa para dizer que o acordo ainda pode ser definido nas próximas horas. “Mas se não acontecer, sem traumas”. Ele observa que as candidaturas de Requião ao governo e Pimentel ao Senado são unanimidade dentro do partido. O deputado lembra que muitos companheiros de partido preferem o PMDB sozinho na disputa para reafirmar a oposição ao atual governo. Mas deixa uma parta aberta para o entendimento com o PSDB. “O desejo existe, mas é difícil conciliar”.

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