Rivalidade

Prefeitos pró-Beto temem dificuldades com Dilma

A rivalidade entre o grupo que está no comando do governo do Estado e as forças políticas que continuarão dando as cartas no plano federal deixa os prefeitos em posição incômoda.

Quem apoiou Beto Richa (PSDB) para o governo estadual e José Serra (PSDB) para presidente da República, teme ficar mal com o governo federal. Aqueles que apoiaram o senador Osmar Dias (PDT) para o governo e Dilma Rousseff (PT) na sucessão presidencial se imaginam com os canais abertos em Brasília, mas não podem fechar as portas no Paraná.

O descompasso entre as esferas de governo vai exigir jogo de cintura dos prefeitos e de seus aliados deputados. O prefeito de Paranaguá, José Baka (PDT), um dos cabos eleitorais mais dedicados de Osmar Dias, garante que vai tirar de letra essa situação. “Todo mundo foi eleito democraticamente. A questão partidária não prejudicará o desenvolvimento econômico do Estado”, disse Baka.

Arquivo
Ducci: ficou muito melhor.

O prefeito de Paranaguá apela para o discurso do relacionamento republicano que deve pautar os governantes para justificar por que não está preocupado com as consequências de ser adversário do governador eleito.

“O Beto é um democrata. É um republicano. Eu não tenho que escolher entre um e outro”. Mas o conforto de Baka tem uma explicação adicional. O vice-prefeito de Paranaguá, Fabiano Elias, pertence ao PSDB. “Temos um vice-prefeito que vai trabalhar para que haja uma conjugação de esforços que vai ajudar a cidade. Ele vai ser um interlocutor ativo para continuarmos atuando sem problemas”, disse.

O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), julga-se um privilegiado neste processo. Herdeiro de Beto Richa na prefeitura de Curitiba, ele tem créditos ilimitados junto ao governador eleito.

Mas esta proximidade não o atrapalha no circuito de Brasília. O PSB faz parte da base aliada do governo Dilma Rousseff e Ducci não se cansa de lembrar que seu partido saiu poderoso das urnas e que ficou neutro na disputa presidencial.

Elegeu seis governadores. Na opinião do prefeito de Curitiba, a situação vai melhorar, já que terá facilidades para obter recursos tanto no Paraná como no governo federal.

Daniel Caron
Baka: “Vou tirar de letra”.

Ducci não comenta, entretanto, como irá administrar esta situação em 2012, nas eleições municipais, se for chamado a escolher um lado. “É muito cedo para falar em 2012. Não adianta ficar se lançando candidato se não fizer uma boa administração”, afirmou o prefeito de Curitiba, que deverá ser candidato à reeleição ao cargo.

O prefeito de Ponta Grossa, Pedro Wosgrau (PSDB), não apoiou Dilma Rousseff, mas acha que tem chances de ser bem atendido no governo federal. “Tanto no governo estadual como no governo federal, nós vamos levar as nossas reivindicações dentro dos programas existentes. Claro que no governo estadual teremos um relacionamento mais amplo”, comparou.

Wosgrau observou que receber um “não” pode acontecer tanto com um governante aliado quanto com um adversário. “A gente sabe que vai haver reivindicações que vamos levar ao Beto e que não serão contempladas. Isso pode acontecer em Brasília”, comentou.

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