A menos de dez meses das eleições, todos os pré-candidatos à sucessão presidencial têm algo em comum. Nenhum deles conseguiu definir quem será seu vice.

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Nos casos do governador de São Paulo, o tucano José Serra, e da ministra da Casa Civil, a petista Dilma Rousseff, que aparecem nas primeiras posições nas pesquisas, a dificuldade não consiste apenas em encontrar vices que atraiam partidos aliados e tempo no horário de propaganda eleitoral. Há também a preocupação que os escolhidos não venham a ser alvos de denúncias, produzindo desgaste para a campanha.

Já os outros dois pré-candidatos, o deputado federal cearense Ciro Gomes (PSB) e a senadora Marina Silva (PV-AC) também não escolheram seus vices porque estão em outro momento de suas campanhas. Ciro sequer tem presença garantida na disputa.

Embora apareça forte nas primeiras pesquisas de intenção de voto, poderá concorrer ao governo de São Paulo, caso essa seja a orientação do presidente Lula. Já Marina Silva prefere consolidar a própria candidatura.

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Entre os líderes da disputa, a escolha pelo vice se transformou num nó político. José Serra sonha em convencer o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), a aceitar o convite para ocupar a vaga.

A questão é que Aécio já mandou todos os sinais, diretos e indiretos, afirmando que não aceitará o posto. Será candidato ao Senado, cuidará da campanha de seu vice, Antônio Anastasia (PSDB), ao governo de Minas Gerais e pedirá votos para Serra nos lugares onde ele desejar.

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Para os tucanos, Aécio seria a solução perfeita por agregar os votos de Minas (segundo colégio eleitoral do País) e para afastar o DEM, parceiro do PSDB na oposição.

O DEM terminou 2009 sob a sombra de escândalo, por conta da descoberta de um esquema de pagamento de propinas no Distrito Federal, envolvendo o único governador do partido, José Roberto Arruda, alguns de seus secretários e parlamentares da base aliada.

Dilma

Do lado dos petistas as dificuldades não são menores. Existe consenso em torno da necessidade de entregar a vaga de vice para um integrante do PMDB, ajudando a consolidar a aliança nacional entre os dois partidos.

O problema é que há discordâncias. Se dependesse de Lula, a opção seria pelo presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. Com isso, tentaria repetir a estratégia de 2002, quando chamou o senador José Alencar, do PL mineiro.

Megaempresário da indústria têxtil, a indicação de Alencar representou clara sinalização de Lula e do PT para os setores produtivos – Lula teve em Alencar uma espécie de escudo político, passando uma imagem mais segura e responsável.

O problema é que o presidente do BC se filiou ao PMDB apenas no fim do ano passado e os dirigentes da legenda querem indicar alguém que os represente mais diretamente, como o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP). De quebra, o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), também tem articulado para conquistar apoios para se tornar o vice de Dilma.