Um dia após afirmar que o PR do Senado foi para a oposição, o líder do partido na Casa, Blairo Maggi (MT), tentou ajudar hoje o PSDB a colocar em votação um requerimento para que a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, fosse chamada à Comissão de Serviços de Infraestrutura. A intenção é que ela participe de uma audiência pública para discutir a instalação de uma siderúrgica no Pará, obra que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Como vice-presidente da comissão, Blairo queria quebrar uma regra adotada pelo colegiado para convidar Miriam. Para o governo evitar surpresas nas comissões de Infraestrutura (CI) e de Assuntos Econômicos (CAE), a praxe é apresentar o requerimento em uma sessão, mas só votá-lo na sessão seguinte. O líder do PR, porém, queria que a presidente da comissão, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), colocasse o pedido de Flexa Ribeiro (PSDB-PA) em votação hoje.
Durante os debates, foi necessária a intervenção do senador Delcídio Amaral (PT-MS), que cobrou o cumprimento da regra. Lúcia Vânia, então, decidiu adiar a votação do requerimento, que também convoca o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), e o presidente da Vale, Murilo Ferreira.
ANTT
A comissão também não votou a recondução de Mário Rodrigues Junior ao cargo de diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O pedido tinha como relator o senador Vicentinho Alves (PR-TO). Porém, foram os líderes do PT, Walter Pinheiro (BA), e do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), que pediram a Vicentinho que a matéria fosse retirada de pauta. “Nós estamos reavaliando a agência”, disse Braga, ao ressaltar que é provável que o Executivo envie novos nomes. Nos dois movimentos, sobre a ida de Miriam à comissão e ao segurar a votação do representante da ANTT, um senador petista levantou a suspeita de boicote do PR ao governo.
“Não tem nada a ver uma coisa com a outra”, rebateu Blairo Maggi, lembrando da orientação “do próprio governo” para retirar a indicação da ANTT de pauta. No caso da votação do convite de Miriam, o líder do PR disse que não se estava discutindo “a convocação, mas sim o rito de convocação”. Ele disse que, certa vez quando presidiu a sessão, permitiu a quebra da regra para que um requerimento fosse votado no mesmo dia. “A presidente disse não, vou seguir o rito antigo”, afirmou ele, na saída da reunião.