O recém-criado Partido da República (PR) – fruto da fusão dos extintos PL e Prona – anunciou ontem, durante a inauguração da sua sede no Estado, a filiação de mais dois políticos paranaense que irão engrossar suas fileiras: o deputado federal Airton Roveda, que deixou o PPS, e o deputado estadual Carlos Simões, que saiu do PTB.
O PR está irritando partidos adversários devido à campanha aberta que faz para trazer novos políticos para a legenda, que o fez inchar dos 29 deputados federais da época da criação, em outubro do ano passado, para os atuais 42.
Simões disse não temer perder o cargo devido à interpretação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que diz que o mandato pertence ao partido, e não ao político eleito. ?É apenas uma interpretação, não é lei. Os juízes que avaliaram a questão foram unânimes em afirmar que não é uma regra palpável?, afirma.
Alheios à confiança do deputado, O Estado apurou que alguns outros políticos sondados para ingressar no PR estão sendo mais cuidadosos e resolveram esperar uma manifestação definitiva do TSE. Entre eles estariam os deputados estaduais Edson Luiz Strapasson (PMDB), Felipe Lucas (PPS) e Dr. Batista (PMN).
?Queremos que haja fidelidade partidária, mas não se pode mudar a regra do jogo durante a partida. Nos acusam de cooptar políticos, mas não estamos fazendo nada diferente do que o PFL fez durante o primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, quando 22 parlamentares entraram para o partido?, defende-se o líder do partido na Câmara, Luciano Castro, que veio a Curitiba para a inauguração da sede, dando a entender que o partido continuará a busca por novos membros dentro de outras legendas.
Para o deputado, a decisão final da posição tomada pelo TSE caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF). ?A decisão do TSE é apenas um ponto para discussão, mas, de prático, se traduz em nada. É uma interpretação a uma consulta. Não tem força de decisão para argüir perda de mandato.? Ele disse não estar preocupado em perder os parlamentares recém-filiados ao PR. ?Não existe decisão do TSE. Vamos discutir no Supremo. Até lá, nada acontece.?
Segundo ele, o objetivo do PR é ter até outubro – quando por lei poderá filiar possíveis candidatos para as eleições municipais do próximo ano – ao menos 50 prefeitos e quatro deputados no Paraná. Com a fusão do PL e do Prona, atualmente o partido já tem 28 prefeitos.
Reação
O PPS do Paraná, que perdeu Roveda para o PR, enviou ontem uma nota considerando ?um acinte à sociedade brasileira? a festa organizada pela legenda para comemorar as filiações dos deputados que deixaram os partidos pelos quais foram eleitos e migraram para o PR. O texto compara a troca de partidos aos escândalos do mensalão e dos sanguessugas, que abalaram a credibilidade política do governo e teriam manchado a atividade no parlamento.
