O candidato do PMDB ao governo, senador Roberto Requião, recebeu ontem em Curitiba o apoio do PPS no segundo turno das eleições. “É Lula-lá e Requião aqui”, anunciou o presidente estadual e ex-candidato ao governo, o deputado federal Rubens Bueno, em reunião na sede do partido que teve também a presença do candidato do PT ao governo, deputado federal Padre Roque, que já havia aderido à campanha de Requião no início da semana.
O PPS, que no primeiro turno se aliou ao PV, entregou a Requião um documento contendo cinco pontos que gostaria de incluir no programa de governo do peemedebista: a adoção de políticas públicas de educação, saúde e nutrição para crianças de zero a seis anos de idade; restabelecimento da Lei Rubens Bueno (a lei prevê a realização de eleições diretas para a escolha de diretores de escolas da rede pública); saneamento financeiro e administrativo do Estado; crédito e apoio técnico para pequenos e médios produtores rurais e micro e pequenos empresários; e ainda o compromisso com a ética na campanha, mas denunciando o que Bueno classificou de “banda podre” da política paranaense.
Requião disse que a composição com o PPS não envolveu negociações sobre participação no governo ou distribuição de cargos. “Nosso acordo é político, da melhor qualidade e sem barganhas. É uma parceria de um programa mínimo de governo”, afirmou o senador, assegurando a Bueno que concordava com todos os pontos do documento. Requião disse que o PPS não fez nenhum pedido de cargos, mas garantiu que vai convidar o partido a participar do seu secretariado, se for eleito. “Vamos montar o secretariado em parceria. Nós precisamos de quadros”. Segundo o peemedebista, Rubens Bueno tem condições de ser ministro de um eventual governo do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ou de qualquer outro governo estadual.
Vantagem
Requião considera que a participação do PPS e do PT na sua campanha garante a ele uma vitória sobre o senador Alvaro Dias (PDT) no segundo turno. Ele disse ainda que já teve adesões de setores do PFL e PSDB, sem citar as lideranças dos dois partidos que já se comprometeram com sua candidatura.
O senador ainda fez elogios ao candidato a presidente do PPS, Ciro Gomes, em razão da opção pela candidatura Lula. “Acho importante destacar a rapidez com que o Ciro se colocou do lado certo da disputa”, afirmou Requião, acrescentando que a vitória de Lula é mais importante que sua vitória na sucessão estadual. O apoio do PPS ao senador foi decidido durante reunião entre o diretório estadual, presidentes de diretórios municipais, deputados e vereadores, anteontem. Das 30 pessoas que se posicionaram na reunião, 26 defenderam apoio a Requião e quatro se manifestaram por uma postura de independência.
PT local informou cúpula
O deputado federal Padre Roque disse ontem que a posição de apoio do PT à candidatura do senador Roberto Requião (PMDB) ao governo foi precedida de uma comunicação à direção nacional do PT. O ex-candidato do PT ao governo classificou como “ridícula” qualquer hipótese de mudança da postura do partido, como sugeriu anteontem o senador Alvaro Dias, candidato do PDT ao governo.
O ex-candidato petista disse, ainda, que para conquistar os votos do eleitor de Alvaro para Lula o PT não precisa, necessariamente, apoiar a candidatura do senador. De acordo com o deputado, o fato de o PT ter feito uma opção por Requião não implica numa posição hostil à candidatura de Alvaro. “Nossa relação com o Alvaro será sempre de respeito e civilidade. Se ele vencer as eleições, não vamos atrapalhar seu governo e nem faremos oposição sistemática”, garantiu.
Sobre o fato de Alvaro não reconhecer a posição do PT como definitiva, por não ter sido comunicado da decisão do partido, Roque afirmou que não havia motivo para que Alvaro fosse avisado. “Falamos com o Requião, já que o apoio foi a ele”, comentou.