O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), afirmou nesta quarta-feira, 29, ter apresentado um requerimento de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da agência de publicidade Muranno Marketing/Brasil. Reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo relata que o dono da agência, Ricardo Vilani, confirmou em entrevista que o doleiro Alberto Youssef, um dos personagens centrais da Operação Lava Jato, fez pagamentos a sua empresa em nome da Petrobras.
Vilani negou, porém, que tenha recebido os valores – R$ 3,5 milhões no total, segundo ele – para evitar que revelasse, em 2010, o esquema de desvios na estatal petrolífera. Ele afirma que prestou serviços à Petrobras no exterior, num acordo sem assinatura de contrato, e queria apenas receber o que lhe era de direito.
Durante audiência da CPI mista da Petrobras, Rubens Bueno comparou o suposto esquema envolvendo a agência de publicidade ao que ocorreria durante as investigações da CPI dos Correios. Na ocasião, foi constatado o envolvimento de agências de propaganda no esquema do mensalão. O líder do PPS já havia apresentado requerimento para ouvir os sócios da Muranno na CPI.
O atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, disse que não sabia de supostas irregularidades em contratos na estatal. “Não tinha conhecimento, não era do meu tempo”, afirmou ele, que chegou ao cargo em junho de 2012, sucedendo Paulo Roberto Costa.
Falastrão
O líder do PPS criticou duramente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em discurso, o ex-presidente insinuou que sabia do pagamento de propina a parlamentares da oposição para impedir as investigações de outra CPI da Petrobras no Congresso, de 2009. Bueno acusou-o de “falastrão, demagogo e populista”, a quem disse ter nomeado uma “quadrilha” na Petrobras.
“O governo não aprova a quebra de sigilo das empreiteiras da Petrobras. Mas o governo não aprova. Este é um governo irresponsável, mente, rouba, este é o governo que está aí”, afirmou o líder do PPS.
O deputado Afonso Florence (PT-BA) repudiou “com veemência” as declarações de Rubens Bueno. Ele disse que não se pode tratar todos como corruptos ou como uma quadrilha. Para ele, não se pode usar a CPI como um terceiro turno eleitoral.
Pouco antes, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, também rechaçou o uso da comissão como mais um tempo do embate eleitoral. E defendeu que as investigações da CPI – previstas para serem encerradas no próximo mês – só ocorram se houver novidades. “Sou a favor de fazer a prorrogação da CPMI, se for possível produzir um fato novo, não a reprodução de um fato político”, disse.