O PPS ainda não tem um candidato à Prefeitura de Curitiba – embora várias lideranças do partido tenham se colocado à disposição para concorrer às eleições, entre elas o deputado estadual Marcos Isfer. Mas, um ano e meio antes da disputa, o PPS já iniciou as discussões para a elaboração de um plano de governo para a capital.
O debate foi deflagrado na semana passada através dos chamados núcleos temáticos, grupos de militantes e filiados que se reúnem para discutir os problemas da cidade, diagnosticar a situação e apontar soluções que julguem exeqüíveis.
A constituição dos núcleos temáticos foi coordenada pelo secretário de Obras, o engenheiro Luiz Caron, a quem o partido encomendou a tarefa pela destreza que mostrou ao articular os grupos que participaram da elaboração do plano de governo do candidato Rubens Bueno, ano passado.
Núcleos temáticos
Cada núcleo temático é composto por cinco ou seis militantes e, na maioria dos casos, são coordenados por filiados de perfil técnico. O ex-secretário de Obras, engenheiro Augusto Canto Neto, por exemplo, ficou responsável pelo núcleo de infra-estrutura. Outro engenheiro, André Fialho, dirige o núcleo de transporte público. A socióloga Sigrid Andersen – recentemente filiada ao PPS, egressa do Partido Verde – assumiu o núcleo de Meio Ambiente. Hitoshi Taminato já fez várias reuniões à frente do núcleo de Abastecimento, setor que ele dirigiu na Prefeitura de Curitiba, anos atrás.
“Os temáticos têm um caráter técnico, mas, lá na frente, eles vão convergir para uma discussão mais abrangente com os núcleos de base, que estão sendo formados por lideranças e candidatos a vereador em dezenas de bairros de Curitiba”, explicou o secretário-geral da executiva estadual, Rubico Camargo.
Os chamados núcleos de base são o maior esforço do PPS para deixar de ser um partido “elitista”, no sentido de que tem uma penetração eleitoral mais acentuada nos segmentos formadores de opinião – como ocorria com o PT anos atrás -, para se tornar um partido de massas. Eles seriam a ligação do partido com as comunidades das periferias e das pequenas cidades, tendo como objetivo organizar as populações em torno de seus anseios.
“Em Campo Mourão a experiência dos núcleos de base foi bem sucedida. As comunidades começaram a participar das reuniões e, na ação partidária, tiveram uma influência substancial na definição das obras e investimentos da Prefeitura”, diz Camargo.
Em Curitiba, os candidatos a vereador criaram cerca de 20 núcleos, mas o partido quer chegar a um número mais expressivo, que leve o PPS à maioria dos bairros da cidade. “Esse é um trabalho difícil. Não é qualquer um que se dispõe a participar de uma reunião, de noite, fora de época de eleição e sem churrasco. Mas estamos apostando nesse tipo de mobilização para fortalecer o partido. Seria uma forma, também, de escapar da tentação de transformar o partido em sigla de parlamentar, ou seja, o partido que se empolga nos projetos eleitorais, em prejuízo de um crescimento mais orgânico”, diz Camargo.
O presidente do PPS, Rubens Bueno, também sabe das dificuldades na formação de núcleos. Mas quer fazer uma aposta de longo prazo. “Muita gente, de outros partidos, veio conversar conosco nas últimas semanas. Deputados e vereadores. No entanto, vamos insistir nesse caminho, do crescimento a partir da base, que eventualmente pode ser mais penoso, mas lá na frente sei que não vamos nos arrepender. Cometemos alguns equívocos, na constituição do partido, que não queremos repetir agora.”