PPS anuncia afastamento do governo

A bancada estadual do PPS, formada por quatro deputados, anunciou ontem que está fora da base de apoio ao governo. Em nota divulgada pelo partido, os deputados Marcos Isfer, Ratinho Júnior, Arlete Caramês e Valdir Leite afirmaram que apóiam as críticas da direção estadual ao governo e ao PMDB, acusados de cooptação de prefeitos do partido. Os deputados do PPS e a direção estadual do partido sustentam que o governador Roberto Requião (PMDB) quebrou um compromisso assumido na campanha eleitoral de 2002, adotando "velhas práticas políticas".

Na nota distribuída ontem, os deputados dizem que da mesma forma que o diretório estadual, a bancada considera "antiética" a atração de prefeitos do partido em troca de liberação de verbas. Os deputados do PPS também se comprometem a apoiar candidatura própria do PPS ao governo do estado e à Presidencia da República em 2006. "… porque acredita que o partido têm condições de fazer as mudanças que o estado e o país necessitam", diz o documento.

Na semana passada, a direção estadual do PPS divulgou uma nota com pesadas críticas ao governo do Estado. A posição dos deputados foi divulgada ontem, depois de uma reunião da executiva estadual e a bancada na noite de anteontem, dia 18. O PPS participa do governo com a presidência da Compagás, Rubico Camargo, e outros cargos de assessoria ocupados em outros escalões. O deputado Marcos Isfer disse ontem que Rubico entregará o cargo até o final da semana, mas que não haverá pressão sobre os assessores indicados pelo partido para que deixem suas funções. Isfer e Arlete Caramês sempre votaram com o governo. Ratinho Júnior é mais volúvel e Valdir Leite é declaradamente de oposição. Nos últimos meses, três prefeitos do PPS se transferiram para o PMDB. "O problema não é a quantidade, mas a prática. E não é só em relação ao PPS, mas a todos os partidos", afirmou Isfer, acrescentando que o PPS irá votar com o governo, quando houver afinidade programática.

Natureza

Para o governador Roberto Requião, a posição do PPS é o desdobramento previsível do desejo do ex-deputado e presidente regional do partido, Rubens Bueno, de ser candidato ao governo no próximo ano. "O PPS quer lançar um candidato ao governo do Estado. É razoável que saia do governo", afirmou.

Já o presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, disse que espera contar com o apoio do PPS nos projetos de interesse da população que forem votados na Assembléia Legislativa. Ele elogiou o deputado Marcos Isfer, que considera um aliado do governo.

Mas não poupou o presidente regional do partido. Disse que jamais assediou ou pressionou qualquer filiado do PPS para ingressar no PMDB. Mas que não se espanta com os ataques feitos ao seu partido pela direção estadual do PPS, sobretudo com o comportamento hostil do seu presidente em relação ao governo. "Ele esteve na Usina de Itaipu ganhando um salário altíssimo. Saiu na última hora permitida. Saiu e se candidatou contra o patrão dele, o Lula, e pior ainda, no segundo turno da eleição, ajudou a derrubar o candidato do patrão. Dele pode se esperar tudo", afirmou Dobrandino, referindo-se à campanha eleitoral em Curitiba, no ano passado, quando Bueno se candidatou à prefeitura e decidiu ficar neutro no segundo turno da campanha eleitoral, disputado entre o atual prefeito Beto Richa (PSDB) e Angelo Vanhoni (PT).

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