O PP anunciou, ontem, apoio formal à pré-candidatura do ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB) ao governo do Estado. O acordo foi fechado na reunião da Executiva Estadual tucana, com 14 votos favoráveis e cinco contrários.
No acordo, além de uma carta de intenções programáticas apresentada pelo presidente estadual do PP, deputado federal Ricardo Barros, ficou assegurada uma vaga para Barros concorrer ao Senado e a aliança entre PSDB e PP nas eleições proporcionais.
“O PP é um dos partidos com quem poderemos nos aliar. Esse acordo foi aprovado por nossa comissão executiva e agora será levado para aprovação em nossa convenção, no próximo dia 11 de junho”, explicou o presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni.
O acordo também deixou espaço para que outras legendas que fizerem parte da aliança também possam se coligar oficialmente nas eleições para deputado federal e estadual.
“É uma aliança programática. Apresentamos pontos essenciais para o desenvolvimento econômico do Estado e a melhoria da qualidade de vida dos paranaenses”, disse Barros.
O presidente do PP disse que o partido não vai fazer qualquer exigência quanto à outra vaga para o Senado na chapa. “Fica aberta a vaga para o senador Osmar Dias”, declarou.
Segundo Rossoni, as coligações na proporcional ainda voltarão a ser discutidas. O presidente tucano explicou que as coligações na proporcional poderão ser feitas em blocos entre dois ou mais partidos da coligação, que, agora, já tem PSDB, PP e PSB, podendo haver coligação só para deputado federal ou só para estadual, por exemplo.
Ex-vice-líder do governo Lula na Câmara, Ricardo Barros comprometeu-se a buscar apoio de outros partidos da base do governo, como o PTB. Barros, que além de vice-líder do governo Lula foi um dos principais articuladores da aliança entre PT e PDT no ano passado, tentando montar um bloco com todos os partidos da base apoiando a pré-candidatura de Osmar Dias (PDT) ao governo, culpou o PT pelo insucesso da aliança e por sua mudança de lado.
“A culpa é do PT, que não fez nenhum esforço para conquistar esse apoio. O PSDB abriu mão de indicar um candidato ao Senado, assim como o vice-governador. O PT não abriu mão de absolutamente nada”, disse o deputado.
Barros lembrou que ao aceitá-lo como pré-candidato ao Senado e manter a proposta para que Osmar Dias faça parte da chapa, o PSDB está fechando as portas para dois nomes fortes que poderiam concorrer ao Senado: o deputado federal Gustavo Fruet e o senador Flávio Arns.
“Tudo tem um preço político e o PT não quis pagar esse preço. O PSDB foi pragmático”, concluiu. O pré-candidato Beto Richa recebeu com entusiasmo o apoio do PP. “O PP representa uma aliança estratégica para o PSDB tanto no Paraná quanto em nível nacional”, disse.
Fruet: “Vamos perder deputados e vamos perder um senador”
A maioria da bancada federal do PSDB foi contrária à aliança com o PP. O senador Flávio Arns e os deputados federais Gustavo Fruet, Alfredo Kaefer e Luiz Carlos Hauly, além do deputado estadual Luiz Nishimori votaram contra a coligação.
Para eles, além da falta de afinidade política e programática com o ex-vice-líder de Lula, a coligação frustra o projeto nacional tucano de fortalecer as bancadas federais.
Pré-candidato ao Senado, Fruet disse que vai recorrer o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, para saber se o “preço político” pago pelo PSDB vale a pena.
“Além de perdermos um senador, com a coligação na proporcional, não aumentaremos nossos deputados federais e ainda correremos o risco de ver a bancada diminuir”, disse o deputado que lembra que, enquanto os deputados t,ucanos se desgastaram fazendo oposição ao governo Lula, os deputados do PP e do PTB (partido que ainda pretende-se atrair para a coligação), por apoiarem Lula, conseguiram mais destaque, emendas e verbas para investimentos em sua base, aumentando sua chance de reeleição.
“Vamos perder candidatos, vamos perder deputados e vamos perder um senador com eleição praticamente garantida, porque a história mostra que o governador (e o Beto lidera a disputa pelo governo) sempre elege um senador. Isso vai ter impacto interno, vai influir na construção dos diretórios municipais e vai alterar o tempo de TV para as eleições municipais de 2012”, comentou “Vou até o Sérgio Guerra para ver se é isso mesmo, se todo esse pragmatismo vale a pena”, explicou Fruet, que classificou a decisão de ontem como uma forma de aumentar a pressão sobre Osmar Dias.