Três dias após anunciar a suspensão de todas as nomeações políticas para estatais, bancos públicos e fundos de pensão, o presidente em exercício Michel Temer nomeou Guilherme Campos Júnior para a presidência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
Campos é ex-deputado e presidente interino do PSD, partido do ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, a quem a ECT está vinculada.
O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, tentou justificar a decisão de Temer alegando que “as empresas públicas não podem ficar acéfalas”. Geddel acrescentou que a indicação de Campos já havia sido negociado anteriormente e deveria ter saído desde o dia 18 de maio. “Se demorar muito (a aprovação do texto pelo Congresso), vamos ter de nomear”.
Pelo texto do projeto de lei que já foi aprovado no Senado e está em apreciação agora na Câmara, as vagas de presidente e diretor de estatal ou banco e as dos integrantes dos conselhos de administração das empresas só poderiam ser ocupadas por quem deixou de ser dirigente partidário há pelo menos três anos – o que não é o caso de Campos. Esse trecho do projeto, no entanto, poderá ser alterado no projeto de lei por pressão dos partidos da base aliada. O projeto diz ainda que os cargos só poderão ser ocupados por quem tiver experiência de dez anos no setor público ou em área privada conexa à da empresa que o indicado irá comandar – o que novamente não é o caso de Campos.
Ao defender a indicação do novo presidente da ECT, Geddel lembrou que publicação do nome dele no Diário Oficial da União atrasou porque existiam algumas pendências. E avisou que, no caso dele, “não dava para mudar mais” porque já estava tudo acertado desde a primeira semana de governo. Ontem mesmo Campos tomou posse no cargo, em cerimônia com a presença de seu padrinho político, Gilberto Kassab. Até agora, os Correios estavam sendo controlados por indicados pelo PDT.
Contradições
A nomeação de Campos não foi o único anúncio feito por Temer que contraria suas próprias decisões. No dia seguinte à sua posse, foi anunciado o corte de 4.000 cargos. Nas semanas seguintes, no entanto, foi aprovada a criação de 14 mil postos. Outro gesto de Temer que foi na contramão do seu discurso foi apoiar no Congresso o projeto de aumento médio de 21 % para os três Poderes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.