Na reta final da campanha eleitoral, o ritmo de trabalho na Câmara Municipal de São Paulo é de férias. Corredores esvaziados, comissões suspensas e sessões plenárias canceladas por falta de quórum. Com 49 dos 55 vereadores na disputa pela reeleição nem as reuniões entre os líderes partidários, realizadas sempre às terças-feiras, escaparam. Há quatro semanas ninguém comparece ao encontro. O resultado é que os parlamentares se reuniram só uma vez neste mês, e por 36 minutos.
Enquanto os vereadores não trabalham em plenário, a Casa continua a consumir em média R$ 47 milhões por mês do Município – só de funcionários são aproximadamente 1,8 mil. Com essa verba seria possível, por exemplo, construir cerca de dez creches, reduzindo assim o déficit de 103 mil vagas.
Na terça-feira, 27, pela sexta vez consecutiva, a sessão ordinária não pôde ser aberta porque não havia o número mínimo de parlamentares no plenário. O painel apontava 15 presentes, quando eram necessários 19. Nos últimos 28 dias, o “placar” só esteve completo no dia 14. Depois de pouco mais de meia hora de sessão, porém, um pedido feito pelo vereador Alfredinho (PT) derrubou a sessão.
“Tem sido assim. Ou a sessão não abre por falta de quórum ou cai logo depois porque alguém derruba. Sou contra isso, a Câmara não pode parar por causa das eleições”, disse Gilberto Natalini (PV), primeiro a chegar ao plenário na terça-feira, 27.
Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que de agosto até quarta-feira, 28, os vereadores permaneceram no plenário por um total de 13 horas e 14 minutos. Nesses quase dois meses só houve votação de projetos no dia 24 de agosto, quando os parlamentares resolveram aprovar 110 propostas, entre elas a que criou o bilhete do ciclista e a que autorizou a Prefeitura a abrir uma avenida na zona norte.
Segundo o presidente da Casa, Antonio Donato (PT), os vereadores estão prestando contas à sociedade. “Não há prejuízo para a cidade, até porque não tem projeto em caráter de urgência para ser votado”, afirmou. Para Alfredinho, com a campanha mais curta e econômica, o vereador que quer ser reeleito precisa “amassar barro nas ruas”. “Mais do que nunca é isso que fará a diferença.”
Nas últimas semanas, até o disputado café do primeiro andar anda vazios. Na recepção, a mesma tranquilidade. Em tempo de eleição, é assim: falta trabalho e sobra conversa na Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.