De olho no apoio do PSB ao ex-ministro Fernando Haddad para a disputa pela prefeitura de São Paulo, a direção nacional do PT promete fazer cumprir a qualquer custo a adesão petista à candidatura à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, o socialista Marcio Lacerda. A direção petista em Minas afirma que o apoio não foi negociado como “moeda de troca”, mas, já que ele foi aprovado em encontro do partido, agora “será posto na balança” das negociações.
É o que o presidente nacional da legenda, deputado estadual Rui Falcão (SP), vai ressaltar aos correligionários de Belo Horizonte em reunião marcada para a próxima sexta-feira (13). “Não podemos falar que o apoio ao Lacerda foi negociado com o PSB em troca do apoio ao Haddad, porque houve votação em Belo Horizonte. Mas, já que foi aprovado, agora vai ser usado”, observou um dos dirigentes do PT mineiro que participará do encontro.
Para garantir esse capital de troca, Falcão deve confirmar que o partido vai acatar a decisão aprovada por delegados petistas em encontro em 25 de março. Na ocasião, foi aprovada resolução que apoia Lacerda, mas “reitera a não participação de partidos” de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff na coligação. O texto afirma que essa é uma das questões “de natureza fundamental” e que deve ser “obrigatoriamente considerada” para acordos com o PT. Nesta terça, Lacerda confirmou em São Paulo, ao lado do governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), a presença dos tucanos na aliança.
O problema é que cada ala petista analisa a resolução aprovada pelos delegados de acordo com seu interesse. Na avaliação do presidente do diretório municipal petista e vice-prefeito Roberto Carvalho, a resolução “é clara e redundante”. “Se o prefeito e o PSB não derem resposta até o encontro ou ela for negativa, já vamos discutir o nome do candidato à prefeitura”, afirmou, referindo-se ao encontro que ocorrerá no domingo (15) e que, em tese, serviria para definir o candidato a vice de Lacerda. “Não acredito que qualquer dirigente vá vir aqui defender aliança com o PSDB. O eleitor de Belo Horizonte não pode ser trocado pelo de São Paulo, porque o partido perde a referência”, acrescentou Carvalho.
Já para o presidente do diretório mineiro do PT, deputado federal Reginaldo Lopes, a resolução impõe apenas um veto “político” e não “legal” à participação do PSDB na aliança. “A proposta de alguém perdeu no encontro. E foi a do Roberto. O texto diz que a questão deve ser apenas considerada pelo PSB”, ressaltou um dos dirigentes da legenda em Minas favorável ao apoio a Lacerda. Ele descartou uma intervenção da executiva nacional, mas afirmou que o presidente da legenda vai “garantir” que a resolução seja acatada. “Ele (Falcão) vai deixar claro que a decisão terá que ser respeitada”, adiantou.