Depois de receber o recado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para “levar a sério” a possível candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) ao governo de São Paulo, o PT paulista decidiu aproveitar a negociação com o PSB para tentar enfraquecer o governador José Serra (PSDB). Agora que aceitaram formalizar as negociações, petistas vão pressionar o partido de Ciro a se retirar desde já da base de apoio ao tucano na Assembleia Legislativa. Provável rival da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na disputa pelo Palácio do Planalto no ano que vem, Serra controla atualmente a imensa maioria dos 94 votos na Assembleia. O PT tem 19 deputados. Já a bancada do PSB conta com cinco parlamentares.

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Mesmo sem dar nenhuma garantia de que Ciro será o candidato de uma aliança PT-PSB, os petistas vão investir no argumento de que seria incoerente socialistas negociarem um acordo nesse sentido e, ainda assim, dar sustentação a Serra. O assunto deve aparecer mesmo que discretamente numa reunião prevista para ocorrer hoje, entre o presidente do PT paulista, Edinho Silva, e o deputado Márcio França (SP), que comanda o PSB no Estado.

França diz considerar “natural” a retirada do apoio a Serra se a negociação com o PT avançar. E minimiza a adesão dos deputados do PSB ao governo tucano. “É um apoio individual de cada deputado, que está em parte relacionado à liberação de emendas”, afirma o presidente do PSB paulista. Ele argumenta, entretanto, que ainda é cedo para tratar do assunto, já que as negociações ainda estariam no campo das especulações. “Acho que nem vamos precisar pedir esta retirada de apoio. Estará subentendido.”

Reação

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Mas os deputados não gostaram da avaliação. “Não há nenhuma chance de retirarmos o apoio”, reagiu o líder do PSB na Assembleia, Luciano Batista, alegando que a bancada nem sequer foi consultada sobre as negociações. “A decisão de apoiar o governo Serra foi tomada pelo Diretório Estadual do partido e por todos os deputados. E o Márcio França não pode decidir sozinho se isso vai mudar ou não”, continuou o deputado. “E com certeza não é o PT que vai nos dizer se devemos ou não retirar o nosso apoio”, concluiu.