A quatorze dias do início de sua viagem oficial ao Brasil, o rei da Suécia, Carl Gustaf, disse hoje que “é sempre um problema ter de optar entre coisas boas”, ao comentar o processo de escolha do novo caça da aviação militar brasileira. A sueca Saab, que produz o Gripen, disputa com a americana Boeing (F-18 Super Hornet) e a francesa Dassault (Rafale).
“Espero que o Brasil faça a escolha certa”, declarou o rei, em entrevista a jornalistas brasileiros. “Se formos escolhidos, ficaremos muito orgulhosos. Podemos fazer uma cooperação muito forte.”
Depois das visitas do presidente da França, Nicolas Sarkozy, e da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, Gustaf chegará ao País para a primeira viagem oficial dos últimos 25 anos. Vai levar uma comitiva de empresários “em busca de novas oportunidades” e a rainha Silvia, que nasceu na Alemanha e morou dez anos em São Paulo, até 1957.
A viagem oficial começa no dia 23, quando o casal será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela primeira-dama, Marisa Letícia, para um jantar privado, em Brasília. Foi incluída no roteiro uma visita à base militar de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, após convite feito por Jobim. “Ele (o ministro) quer nos mostrar a forte colaboração dos militares com a população local, inclusive indígenas. Não estávamos planejando, pois já fomos várias vezes à Amazônia, mas o ministro nos convidou”, disse o rei.
Estão previstos encontros com os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), da Câmara, do Senado e da Funai, entre outros. Em São Paulo, Gustaf é esperado para um encontro na Fiesp. Já a rainha deverá inaugurar um seminário sobre exploração sexual e tráfico humano. Na agenda, há visitas ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e à Embraer. O rei destacou projetos na área de biocombustíveis – a Suécia já importa etanol brasileiro – e lembrou que 50 mil pessoas trabalham em empresas suecas no País.
Fundadora da ONG World Childhood Foundation, que também atua no Brasil, a rainha quer visitar projeto no Recife para crianças que são vítimas de abuso sexual. De olho no negócio da Saab, Silvia elogiou a Embraer. “A indústria sueca está há 100 anos no Brasil. Temos uma ampla relação. A Suécia sabe como a Embraer é excelente. Seria maravilhosa uma cooperação entre as duas companhias.” (O repórter Felipe Werneck viajou a convite do governo sueco)