A Assembléia Legislativa do Paraná decretou ontem luto oficial de três dias pela morte do presidente nacional do PDT e ex-governador Leonel Brizola.
O presidente da Casa, deputado Hermas Brandão (PSDB), distribuiu nota de pesar pelo falecimento do dirigente pedetista. “Ex-prefeito de Porto Alegre, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro e também parlçamentar de destaque nacional, entre outras funções públicas exercidas ao longo de mais de 50 anos, Leonel brizola foi líder político de uma geração que fez da luta pela democracia sua bandeira permanente. O seu falecimento representa, assim, a abertura de uma lacuna na vida política do País, que aprendeu a reconhecer coerência na defesa intransigente que Brizola fazia dos seus ideais”, diz o texto assinado por Brandão.
O 1.º vice-presidente da Assembléia e presidente do PT do Paraná, deputado André Vargas, lamentou a morte do líder pedetista. “Leonel Brizola foi um grande brasileiro, nacionalista, homem determinado pelos interesses de um Brasil justo e soberano”, declarou.
Muito embora nunca tenha militado no partido do ex-governador Leonel Brizola, o deputado estadual Nereu Moura (PMDB) disse que sempre nutriu pelo presidente de honra do PDT nacional. O parlamentar lamentou a morte de quem classificou “como” uma das principais lideranças políticas da história contemporânea brasileira”.
Para o 1.º secretário da Casa, o falecimento do ex-governador gaúcho e carioca abre uma lacuna entre os grandes líderes nacionais. “Na verdade, Brizola foi um ícone da vida pública brasileira, sabendo criar fatos para o debate político”, destacou. O primeiro-secretário da Assembléia Legislativa não esconde que as lutas do “caudilho gaúcho serviram, muitas vezes, como referência para a minha própria caminhada e posicionamentos políticos. Brizola soube como ninguém defender com convicção os seus ideais”, comentou o deputado peemedebista, afirmando ainda que num quadro político carente de lideranças carismáticas e respeitadas, “não foi apenas o PDT que perdeu, mas o Brasil como um todo”.
Senadores elogiam pedetista
O senador Alvaro Dias (PSDB) ressaltou ontem, no plenário da Casa, o exemplo que Leonel Brizola deixou como legado aos políticos. “No momento em que vivemos, é preciso buscar o exemplo que nos deixou Leonel Brizola. Mesmo quem não comunga de suas idéias, concorda que a sua existência foi positiva para a política brasileira”, afirmou.
Alvaro escolheu dois adjetivos que, conforme afirmou, são fundamentais quando se fala de Brizola: coragem e ética. O senador lembrou que o líder trabalhista era uma expressão internacional do socialismo, tinha “coragem de falar o que pensa, coragem de enfrentar e coragem de decidir; estabelecia o enfrentamento com altivez”, e demonstrou ousadia em todos os atos de sua vida.
O senador Flavio Arns (PT) também lamentou a morte de Brizola. “Associo-me às manifestações já emitidas em relação à figura pública, à liderança de Leonel Brizola no Brasil. Uma figura bastante polêmica, em muitas ocasiões, mas com virtudes que têm de ser enaltecidas, prestigiadas e valorizadas na vida pública de todas as pessoas. Eu ressaltaria a luta de vida de Leonel Brizola em termos de se assegurar a legalidade e a constitucionalidade em todos os eventos difíceis pelos quais nosso país passou. Também, em termos da preocupação em relação ao patrimônio brasileiro que vinha sendo dilapidado, mandado para o exterior, com a fuga de capitais em função da agiotagem internacional”, disse.
Londrina
O prefeito de Londrina, Nedson Micheleti, decretou luto oficial de três dias, contados desde ontem, em razão do falecimento do presidente nacional do PDT. O prefeito destacou que Brizola entra para a história como uma das mais fortes e coerentes lideranças políticas da história do país. “Brizola esteve em Londrina em momentos decisivos da luta democrática brasileira. A imagem que vai ficar do governador em nossa cidade é a do líder que sempre lutou por um Brasil justo e soberano.”
Curitiba
“Uma lacuna ficará aberta na política.” A afirmação é do presidente da Câmara Municipal de Curitiba, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), que lamentou, nesta terça-feira, a morte de Leonel Brizola. “Com o golpe de 64, teve que se exilar, mas o seu carisma era tão grande que, mesmo após 15 anos de exílio, elegeu-se governador do Rio de Janeiro poucos anos depois de retornar ao País, em 1979”, comentou.
Quintana manifesta pesar
O secretário chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, lamentou ontem, em nome do governo do Estado, o falecimento do ex-governador Leonel Brizola. “Brizola foi uma pessoa de renome nacional, que sempre teve um idealismo muito forte norteando sua vida política. Dou meu testemunho pessoal, já que sou nascido no Rio Grande do Sul. O governador Brizola fez o maior programa de construção de escolas públicas que este país já viu quando administrou aquele Estado”, disse Caíto Quintana, chefe da Casa Civil.
O secretário lembrou que, em um determinado dia, ao visitar um irmão que mora no Rio Grande do Sul, estavam sendo inauguradas duas mil escolas no Estado construídas pelo governo gaúcho. “Eu, inclusive, fui bolsista do governo Leonel Brizola. Fiz ginásio à época. Andava 80 quilômetros para poder estudar, já que nasci em Santo Augusto. E todo o curso, incluindo refeições e hospedagem, eram de responsabilidade do governo estadual. Este é apenas um exemplo da trajetória política respeitável que teve Brizola. Ele deixa um símbolo, uma marca, que cada vez mais será fortalecida no nosso país”, afirmou o chefe da Casa Civil.
Osmar: “ele foi insubstituível”
O presidente do Diretório Regional do PDT, senador Osmar Dias, lamentou a morte de Leonel Brizola, a quem classificou de um “líder insubstituível”. “Mais do que uma figura política, Leonel Brizola foi uma das grandes figuras históricas do Brasil. Um homem que deixa como herança ao país o exemplo de uma conduta moral e ética, o discurso da coerência e da responsabilidade”, afirmou o senador, na nota.
Pedetistas
O deputado estadual Augustinho Zucchi também lamentou a perda. “O Brasil perde seu maior líder trabalhista, o PDT um grande comandante. Estamos muito tristes com esta perda”, lamentou.
Osmar viajou ao Rio de Janeiro para acompanhar o velório do dirigente pedetista junto com o deputado estadual Augustinho Zucchi. O deputado estadual Barbosa Neto, o prefeito Edgar Bueno (Cascavel) e o vereador de Curitiba Jorge Bernardi articulam a ida de uma delegação hoje para Porto Alegre e amanhã para São Borja (RS), onde será o sepultamento. As direções do PDT estadual e de Curitiba programam para a próxima semana um culto ecumênico em homenagem a Brizola.
Lerner destaca influência
O ex-governador Jaime Lerner (PSB), que foi filiado ao PDT durante o seu primeiro mandato, também distribuiu nota de pesar lamentando a morte de Leonel brizola. é a seguinte a íntegra do texto: “Nos últimos 50 anos, Leonel Brizola foi o personagem que mais influiu na vida política brasileira, com sua luta, coerência, patriotismo e autenticidade. Ele tinha uma paixão tão grande pelos interesses do país, e uma afeição tão carinhosa pelo povo brasileiro, que chegava a considerar-se a própria consciência política nacional, o que considero uma virtude que o movia numa luta incansável pelo progresso do Brasil.
Tive uma convivência próxima a Brizola durante 14 anos e aprendi muito com ele sobre política e sobre o nosso país. Mesmo quando nos afastamos politicamente, não deixei de ter muito respeito e admiração pelo ex-governador. Aliás, mesmo entre os maiores adversários de Brizola, não há quem não respeite seu histórico de defesa da democracia e de ética na política. Leonel Brizola foi o símbolo maior da luta pela liberdade em nosso País”, diz Lerner, na nota.