A Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar as denúncias do delegado Protógenes Queiroz, que acusa a cúpula da instituição de ter obstruído a Operação Satiagraha. A PF avalia que Protógenes cometeu um “grave erro” ao acusar superiores de o terem isolado no instante crucial da missão que levou o sócio-fundador do grupo Opportunity, Daniel Dantas, para a cadeia. O delegado será chamado para depor e terá que provar o que apontou em representação de 16 páginas entregue quinta-feira à Procuradoria da República. Se não provar, poderá ser enquadrado por denunciação caluniosa – crime contra a administração pública a partir de revelações contra alguém que sabe ser inocente.
A operação foi desencadeada dia 8 e levou à prisão 18 pessoas, além de Dantas, foram capturados o investidor Naji Nahas, o ex-prefeito Celso Pitta, empresários e doleiros envolvidos em suposto esquema de desvio de recursos públicos, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Protógenes saiu do caso sexta-feira. Oficialmente, ele deixou Satiagraha para fazer o Curso Superior de Polícia, em Brasília.
Sua representação está sob análise do procurador da República Roberto Diana, que expediu ofícios aos delegados Roberto Troncon chefe da Divisão de Combate ao Crime Organizado, Paulo de Tarso Teixeira, chefe da Divisão de Combate a Crimes Financeiros, e ao superintendente regional da PF em São Paulo, Leandro Daiello Coimbra, aos quais solicita informações sobre Satiagraha e cópia integral da gravação do encontro em que Protógenes teria admitido a necessidade de deixar a investigação para fazer o curso.