Horas antes da primeira visita do governador do Rio e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB), à Rocinha, a Polícia Civil realizou nesta terça-feira operação na comunidade, a maior da zona Sul do Rio, ocupada por uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desde 2012. Houve intenso tiroteio, que assustou os moradores, mas ninguém ficou ferido. Pezão cumpriu a agenda, andou pela parte baixa da Rocinha por cerca de uma hora e negou que a operação tenha tido objetivo político.
Um dos principais opositores do atual governo, o também candidato Anthony Garotinho (PR) cancelou agenda no Complexo do Alemão, na zona norte, também ocupado por UPPs. O ex-governador vinha afirmando não ter tido qualquer problema com milicianos ou traficantes para fazer campanha em comunidades do Rio, mas, após novo tiroteio na noite de ontem no Alemão, cancelou a carreata por “motivo de segurança”, segundo sua assessoria.
Com as crescentes denúncias de problemas de candidatos em comunidades, que estariam sendo impedidos de fazer campanha por traficantes ou milicianos, o Tribunal Regional Eleitoral vai decidir hoje se solicita o apoio das Forças Armadas para garantir a continuidade da eleição no Rio. Anteontem, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, entregou ao TRE e ao Ministério Público Eleitoral um relatório que lista 41 áreas no Estado do Rio onde candidatos estão sendo impedidos de fazer campanha – entre elas, a Rocinha. Beltrame, entretanto, argumenta que as forças estaduais ainda são capazes de garantir a segurança do pleito.
O presidente do TRE do Rio, Bernardo Garcez, quer consultar o governador antes de tomar a decisão. Mas Pezão, segundo o desembargador, até agora não se manifestou com clareza. Garcez informou que teve de enviar novamente um ofício ao governador para ouvir sua opinião. Na primeira tentativa, segundo Garcez, a resposta veio de “um subalterno” – disse, se referindo a Beltrame.
Na Rocinha, Pezão não quis admitir a necessidade de intervenção das Forças Armadas. “Estamos à disposição do TRE. Na hora em que ele pedir, não temos problema nenhum de pedir auxílio às forças de segurança”, afirmou. “O secretário Beltrame acha que temos condições de garantir as eleições. Se, perto das eleições, ele sentir que não dá e pedir o reforço, será como nos outros anos. Por diversas vezes a tropa veio para cá.”