A crise entre o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, e seu partido, o PMDB, comandado na Bahia pela família Vieira Lima – do ex-ministro da Integração Nacional, Geddel, e seu irmão, o deputado federal eleito Lúcio, presidente da legenda no Estado -, chegou ao ápice na noite de ontem.
Em reunião, a comissão de ética do partido resolveu suspender a filiação do prefeito por 90 dias, para estudar sua possível expulsão e dar a João Henrique o direito de resposta. Segundo a liderança do partido, o processo foi iniciado depois que um grupo de filiados entrou com pedido de afastamento de João Henrique no diretório regional baiano.
O prefeito afirma, por outro lado, que a ação interna do PMDB é jogo de cena. Segundo ele, há dois meses um escritório de advocacia de Brasília foi contratado para estudar uma forma de ele se afastar do partido sem perder o mandato.
O motivo alegado por João Henrique para sair do PMDB é a briga da legenda com o governo petista de Jaques Wagner, reeleito em primeiro turno em outubro. “Não é possível administrar Salvador sem o apoio da administração estadual”, justifica o prefeito. Na noite de ontem, ele teria decidido sair da legenda e, logo depois, teria sido avisado sobre a suspensão.
Para justificar juridicamente sua saída ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o prefeito pretende alegar que “ofensas pessoais”, partindo de lideranças peemedebistas no Estado, tornaram sua permanência na legenda “insustentável”. Para comprovar a alegação, João Henrique citará trechos da página do principal cacique do PMDB na Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, no microblog Twitter. Na página, Geddel já chamou João Henrique de “Menino Maluquinho” e qualificou a prefeitura como “manicômio”.
Para o PMDB, a justificativa não é aceitável, porque não houve críticas diretamente feitas pela liderança oficial do partido no Estado – o presidente Lúcio Vieira Lima -, apenas de integrantes do partido, “que têm o direito de expressar suas opiniões”. “Vamos pedir o mandato do prefeito na Justiça”, garante Lúcio.