Na eleição para a Câmara dos Deputados, candidatos do PMDB tiveram, em todo o País, apenas 9% de votos a mais que os do PSDB. Essa proporção não se refletiu no número de eleitos – os peemedebistas ficaram com 49% de cadeiras a mais que os tucanos. O PMDB conquistou, com 13,15% dos votos, 15,4% das vagas da Câmara – o melhor aproveitamento entre os grandes partidos. Já os tucanos, com 12% dos votos, obtiveram apenas 10,3% das cadeiras.
A performance dos dois partidos exemplifica distorções do sistema eleitoral brasileiro. Elas ocorrem graças a dois fatores: o peso diferenciado dos eleitores nos grandes e nos pequenos Estados e a existência de coligações na eleição para deputado – o que faz com que o voto em um partido possa ajudar a eleger o candidato de outro.
O PT foi o partido mais votado para a Câmara e também o que elegeu a maior bancada. Teve 16,6% do eleitorado e ficou com 17,1% das vagas. De 1994 a 2002, os petistas conquistavam mais votos que cadeiras, e o contrário passou a acontecer a partir de 2006, quando seu eleitorado ficou menos concentrado nos grandes centros. O DEM, que elegeu a quarta maior bancada, recebeu 7,6% dos votos e ficou com 8,4% das vagas. Nas quatro eleições anteriores, o partido também obteve mais cadeiras do que eleitores, em termos proporcionais.
A distribuição das vagas na Câmara não respeita a proporção do eleitorado em cada Estado. Os menores colégios eleitorais tendem a eleger mais deputados, proporcionalmente. Por exemplo, para levar à Câmara um deputado, um partido ou coligação precisa, em média, de 11 vezes mais votos em São Paulo que em Roraima. Essa discrepância tende a prejudicar os partidos que são mais votados nos maiores Estados. É caso do PSDB, que teve metade de seus votos para a Câmara concentrados em São Paulo e Minas Gerais.