Por unanimidade, o Diretório Regional do PMDB decidiu ontem romper a aliança política com o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), e entregar os quatro cargos que ocupa no primeiro escalão do Executivo. A saída do partido aumenta ainda mais o isolamento de Arruda, alvo de pedidos de impeachment na Câmara Distrital, sob a acusação de comandar o esquema, desmantelado pela operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF), de distribuição de propinas a políticos da base aliada, arrecadadas junto a empresários que prestam serviços ao seu governo.
Por conta das denúncias, já haviam abandonado a aliança o PSB, o PDT, o PPS e o PV. A decisão do PMDB deixa vagos os cargos de chefe de gabinete do governador, a Presidência da Novacap, estatal que cuida das obras públicas; a chefia da Administração do Plano Piloto, que comanda a principal região administrativa do DF, e a diretoria da Companhia de Desenvolvimento do Planalto (Codeplan), responsável pelos gastos de custeio da máquina. “Os fatos são muito graves e, de nossa parte, cessou o compromisso de apoiamento político ao governador”, disse o presidente do Diretório, deputado federal Tadeu Filippelli.
Ele explicou que o afastamento “foi profundamente debatido” e adotado de forma consensual. “Ficamos com o coração em paz por traduzir um sentimento do partido”, enfatizou. Filippelli, porém, não quis opinar se Arruda deve renunciar ao cargo imediatamente para evitar o desgaste e abrir caminho para uma solução política entre as forças locais. “Ele é do DEM e nós respondemos pelos atos do PMDB”, afirmou, numa referência aos quadros do próprio partido flagrados em fitas de vídeo recebendo ou negociando dinheiro. Entre eles, a líder do governo na Câmara Legislativa, deputada Eurides Brito, que aparece numa das fitas recebendo e colocando dinheiro de propina numa bolsa de couro e o chefe de gabinete, Fábio Simão, citado no inquérito como um dos principais operadores e beneficiários do mensalão brasiliense.
Filippelli disse que não vai prejulgá-los, antes da conclusão do inquérito que corre na Justiça, mas mandou um aviso aos que tentarem resistir à decisão do partido. “Nós não recomendamos, nós determinamos o afastamento imediato de todos os quadros do PMDB no governo.”
Estudantes deixam plenário
Estudantes que ocupavam o plenário da Câmara Distrital, em protesto contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, acusado de corrupção, desocuparam o local na madrugada de hoje, segundo informação do programa “Bom Dia Brasil”, da TV Globo. O objetivo dos manifestantes é evitar que os deputados distritais usem o argumento da ocupação do plenário como desculpa para não votar os pedidos de impeachment. Os estudantes deixaram o plenário por volta das 3 horas da manhã, mas permanecem no prédio da Câmara Distrital até que Arruda saia do cargo.