Sem cumprir a pretensão de aprovar os quatro projetos do marco regulatório do pré-sal até a entrada do recesso parlamentar, o governo vai centrar forças nesse tema a partir de 2 de fevereiro, na retomada dos trabalhos do Congresso. Paralelamente às votações, o foco da agenda estará no calendário de definições eleitorais. No PMDB, o próximo passo é reeleger o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), à presidência do partido, em março, como lance fundamental para garantir a aliança com o PT em torno da candidata Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil. “O que será definitivo em junho, será sinalizado em março com a eleição para a presidência do PMDB”, diz o líder da sigla na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).
Outra mexida no tabuleiro será a decisão sobre a candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) ao Planalto. Já o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), principal adversário do governo para a corrida presidencial, mantém a posição de só decidir sobre a candidatura em março. “A preocupação central de Serra é governar São Paulo”, diz o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
O governo quer votar projetos do pré-sal na Câmara até março e, no Senado, até fim de abril. Depois disso, Temer terá de se equilibrar em temas que não tragam problemas para o Planalto, ao mesmo tempo em que deverá dar imagem positiva à Casa para ter vitrine eleitoral. A disposição de votar em fevereiro o projeto que proíbe a candidatura dos fichas-sujas atende a esse propósito.
O ano eleitoral significa afastar da pauta projetos polêmicos. “Vamos procurar projetos de grande interesse nacional em torno dos quais seja possível construir um acordo”, diz o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS). O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), avalia que qualquer aprovação dependerá de acordo, devido ao quórum baixo.