PMDB quer jogar duro com quem for infiel ao partido

A Executiva Nacional do PMDB deverá enquadrar na regra da fidelidade partidária seus filiados que não estão dispostos a apoiar a candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) à presidência da República e os candidatos a governador e a senador indicados pela coligação nacional já acertada entre PT e PMDB. De uma reunião da Executiva, marcada para a próxima terça-feira, sairá esse aviso do partido a toda sua base.

“Teremos novidades no cenário político nacional. Uma interpretação nova das coisas será apresentada depois de nossa reunião da Executiva. Vamos apresentar um calendário a nível nacional, com data para as convenções estaduais, o anuncio da data da convenção nacional. E vamos fazer o comunicado, um alerta geral em favor da fidelidade partidária. O PMDB vai cumprir a risca o que diz a legislação eleitoral”, disse Rodrigo Rocha Loures, tesoureiro adjunto da Executiva Nacional do PMDB.

Agência Câmara
Temer: alerta para todos.

O deputado não quis detalhar como será a orientação de terça-feira, mas adiantou que pré-candidatos que não apoiarem os nomes indicados pelo PMDB nacional podem, até, ficar sem legenda para concorrer em outubro. “Quem é candidato, recebeu a legenda do partido. Se o partido te deu a legenda, você tem que seguir a regra eleitoral vigente: se o mandato é do partido, a candidatura também é e se você apoiar outro candidato a governador e a presidente que não o do partido, o partido pode rever o fato de ter lhe dado uma legenda”.

Rocha Loures disse que o alerta servirá para os pré-candidatos, mas também para prefeitos e vereadores peemedebistas que pensam em apoiar o candidato de oposição ao governo Lula. No Paraná, a medida atingiria, por exemplo, alguns deputados estaduais, simpáticos à candidatura de Beto Richa (PSDB) ao governo do Estado, bem como alguns dos cerca de 200 prefeitos do PMDB, como o de Castro, Moacyr Fadel, presidente da Associação dos Municípios do Paraná, que já avisou que levará a proposta de coligação com o PSDB para a convenção estadual do partido. “Acabou a verticalização das coligações, mas teremos, pela primeira vez, a eleição geral amparada pela fidelidade partidária. Se o PMDB decidir em convenção que apoiará a Dilma. Os filiados do PMDB não poderão fazer campanha contra ela, senão, podem perder o mandato”, disse.

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Quércia: e agora Orestes?

A posição da Executiva Nacional do PMDB será uma dura resposta à diretórios estaduais como os de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grasso do Sul e Pernambuco. Foram esses diretórios que conseguiram que o presidente nacional do partido, deputado federal Michel Temer (SP), ao menos, adiasse para o dia 12 de junho o anúncio de sua pré-candidatura a vice-presidente na chapa de Dilma. Em São Paulo, por exemplo, o presidente estadual da legenda, Orestes Quércia, já anunciou que, além de apoiar Serra, será candidato ao Senado na coligação do PSDB. Se o PMDB levar ao pé da letra a regra da fidelidade partidária, Quércia poderia ficar sem legenda por descumprir as orientações do partido. O caso de Pernambuco é ainda mais complicado: o senador Jarbas Vasconcellos, um dos maiores opositores da ala que apóia Dilma Rousseff, está saindo candidato ao governo a pedido de José Serra, para dar palanque ao tucano. Ele vai enfrentar o governador Eduardo Campos (PSB), da base de Lula.