A tendência de liberdade para as alianças nos estados, apontada na convenção do PMDB realizada no sábado, levou o presidente estadual do partido, deputado Dobrandino da Silva, a afirmar ontem que estão adiantadas as conversas para uma coligação com o PSDB e o PDT visando a reeleição do governador Roberto Requião.
Dobrandino disse que ou o PSDB ou o PDT estarão no palanque do PMDB para a disputa estadual. Mas entre os tucanos, esse acordo não é ponto pacífico. As declarações de Dobrandino foram rebatidas de pronto pelo presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, que afirmou desconhecer qualquer negociação com o PMDB.
Rossoni viu na posição de Dobrandino uma tentativa dos peemedebistas de desarticular a oposição a Requião, inspirada nos preceitos do pensador Nicolau Maquiavel. "Eles procuram desarticular as oposições, criar divergências. Maquiavel ensinou como fazer isso. Mas não tem por que especular outra situação porque o nosso candidato é o senador Osmar Dias", reagiu o dirigente tucano.
Ele disse que Dobrandino deveria indicar os interlocutores do PMDB no PSDB. "Porque com o PSDB não teve essa conversa. Eu não tenho conhecimento disso. Pode ser que alguém esteja falando em nome do PSDB. Não sou eu. E já é o primeiro desrespeito ao partido não falar com o presidente", atacou. Rossoni avalia que as chances de uma candidatura única entre PSDB e PMDB são dificultadas pela posição do governador em relação à disputa presidencial. "Eu sei que o Requião não apóia o Alckmin. Alguém já ouviu alguma vez ele dizer que pode apoiar o Alckmin?", questionou.
Chapa pura
O presidente estadual do PMDB não teve dúvidas em revelar com quem o PMDB conversa no PSDB. Segundo Dobrandino, as negociações sobre uma aliança têm sido feitas com o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, e com o presidente estadual do PSDB, ou seja, Rossoni. Para Dobrandino, o melhor para o PMDB seria ir de chapa pura, sem alianças, como fez em 2002. Mas para assegurar a reeleição de Requião no primeiro turno, o melhor caminho é fazer uma boa composição partidária, avaliou. Segundo o presidente estadual do PMDB, as chances de um acordo com o PT no estado são as mais remotas. "O PMDB do Paraná também está dividido, assim como existem os governistas no plano nacional. Mas no Paraná, a maioria é contra um acordo com Lula", afirmou.
O vice-governador Orlando Pessuti também acha que o PMDB do Paraná está mais próximo dos tucanos, atualmente. "Em alguns estados, a tendência de aliança é com o PSDB. Em outros com o PT. No Paraná, acho que essa situação está mais encaminhada para o PSDB", afirmou Pessuti. Segundo o vice-governador, a persistir a situação atual no PMDB, em que nenhum dos nomes apresentados agrega o partido para disputar a presidência da República, a liberdade de alianças irá mesmo prevalecer.
O prefeito de Curitiba, Beto Richa, classifica como "remota" a possibilidade de um acordo entre tucanos e peemedebistas no Estado. "É claro que tudo depende de um entendimento em Brasília. Mas das possibilidades esta seria a mais remota", afirmou Beto, acrescentando que a oposição ao governo ainda está em busca do nome para lançar na disputa com Requião. "O quadro está confuso. A minha posição é apoiar o candidato que o partido indicar", emendou.