Embora o governador Roberto Requião tenha pedido ao PMDB que procure lavar a roupa suja em casa, o presidente estadual do partido, deputado Dobrandino da Silva, furou o pacto. Ontem, Dobrandino divulgou nota informando que Doático Santos havia deixado a presidência municipal do partido na última quarta-feira. Consultado, Doático negou a renúncia e disse estranhar a divulgação da informação pelo presidente estadual da sigla.
Hoje, os três vereadores de Curitiba – Paulo Salamuni, Reinhold Stephanes Junior e Luiz Felipe Braga Cortes – os deputados Rafael Greca e Max Rosenmann-se reúnem novamente para decidir se entram com o pedido de dissolução do diretório. Os peemedebistas têm até a próxima segunda-feira, dia 28, para entrarem num acordo e evitar a formalização de um pedido de destituição de Doático da presidência.
Na nota, Dobrandino classificava a suposta saída de Doático como "um ato de grandeza" que permitiria reestruturar o diretório em Curitiba. "Não falo com o Dobrandino há mais de quinze dias. Falei, isso sim, com o governador no domingo passado. Ele me pediu que continuasse trabalhando e que conversasse com todas as correntes do PMDB", reagiu Doático. Procurado, o presidente estadual do partido disse, por meio de sua assessoria, que diante do desmentido de Doático, sua nota deveria ser desconsiderada.
O descompasso entre o presidente estadual e o presidente municipal do partido revelam, mais uma vez, a cisão do PMDB desde a campanha eleitoral do ano passado, quando a maioria do partido decidiu apoiar a candidatura do deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT) à prefeitura de Curitiba, vencendo a ala que defendia a candidatura própria.
Insuficiência
O grupo de vereadores de Curitiba e parte dos deputados federais do PMDB querem a saída de Doático. Estão solicitando sua substituição com base em uma resolução do diretório estadual que abriu processo de dissolução em todos os diretórios das cidades onde o desempenho do PMDB foi considerado insuficiente e ficou abaixo das expectativas do partido na eleição do ano passado.
No final da semana passada, Doático disse que deixaria o cargo se o governador pedisse. Mas no final de semana, conversou com Requião e, segundo relatou a O Estado, o governador disse que continuasse no cargo e procurasse a conciliação com os setores que pedem sua saída do comando do partido.
Requião queria que as divergências internas do partido não se tornassem públicas. A avaliação do Palácio Iguaçu é que as brigas internas do partido favorecem os adversários, que já estão se armando para as eleições do próximo ano, quando estará em jogo o projeto de re-eleição do governador.
O vereador Paulo Salamuni disse que na reunião de hoje será decidida a forma de ação do grupo. Greca foi encarregado de consultar o governador Roberto Requião sobre o conflito. Antecipou que para o governador "é melhor ir devagar com o andor porque o santo é de barro". Para Salamuni, dependendo da posição de Requião, o pedido de dissolução pode ser arquivado, mas a bancada pode tomar outro rumo.