A executiva estadual do PMDB decidiu indicar a dissolução de noventa e seis diretórios municipais, acusados de insuficiência eleitoral na disputa do ano passado. Curitiba não entrou na lista oficial da intervenção, mas está sendo negociada uma reformulação no comando, por meio da designação de uma comissão provisória formada pelas diferentes alas do partido.
O PMDB não divulgou a lista das cidades sob ameaça de intervenção, mas os alvos da executiva estadual foram os municípios que não lançaram candidatos a prefeito ou que não elegeram vereadores nas eleições municipais do ano passado. Na avaliação do presidente estadual do partido, Dobrandino da Silva, Curitiba se enquadra neste critério, apesar de ter eleito quatro vereadores e de ter indicado o candiadato a vice-prefeito de Curitiba, na aliança encabeçada pelo PT.
Para Dobrandino, além da capital, o PMDB perdeu força em Londrina, Maringá, Apucarana e Ponta Grossa. "Decidimos que aqueles diretórios que não exerceram suas funções de acordo com as expectativas do PMDB terão que se reestruturar", disse o presidente estadual, que citou principalmente cidades onde as alianças entre o PMDB e PT fracassaram.
Segundo Dobrandino, todas as direções sob ameaça de destituição terão o direito de apresentar sua defesa a partir da notificação. Em noventa dias, o diretório estadual espera ter uma decisão final sobre cada caso, que pode ser a advertência ou a dissolução.
Meio caminho
Em Curitiba, a solução passa pelo afastamento de Doático Santos da presidência e a distribuição de poderes entre um grupo mais amplo, que leve para o comando do partido representantes da ala que se opôs à aliança com o PT no ano passado. A capital recebe tratamento especial da executiva por se tratar do domicílio eleitoral do governador Roberto Requião. "Aqui, nós queremos resolver de forma amistosa. Uma intervenção seria traumática. Nós não queremos perder nenhum dos lados", disse o vice-presidente estadual, Nereu Moura.
Para o vice-presidente do partido, qualquer medida mais drástica em Curitiba seria o equivalente "a um tiro no pé". A proposta de Moura é que a nova comissão provisória seja composta por peemedebistas que estão mais distantes do conflito central da eleição do ano passado. Entre os possíveis nomes que poderiam integrar a comissão estão os deputados estaduais Rafael Greca, Alexandre Curi e Mário Bradock.
No caso de Maringá, a idéia é entregar o partido para uma nova liderança, disse Moura. Segundo o deputado, o diretório de Maringá foi penalizado porque não lançou candidato a prefeito e elegeu apenas dois vereadores. A proposta é filiar a deputada Cida Borghetti, atualmente no PP, e entregar a ela a condução do partido em Maringá.
Defensor do pedido de intervenção, o líder da bancada do PMDB na Câmara Municipal de Curitiba, Paulo Salamuni, disse que, a partir de agora, lava as mãos. Salamuni afirmou que não protocolou o pedido de intervenção para não agravar conflitos, mas que não vê saída para o PMDB de Curitiba a não ser uma reformulação geral. "Quem pariu, criou e sustenta Mateus, que o embale. Agora, os deputados é que estão com a palavra", afirmou.
PT deve lançar candidato no Paraná
O PT do Paraná está com a firme disposição de ter candidato próprio ao governo em 2006. E, por enquanto, não há sinais de maiores preocupações com as intenções do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgadas no último final de semana, de sufocar candidaturas petistas nos estados em nome do seu projeto de reeleição. O Paraná está no grupo dos possíveis sacrificados.
O líder da bancada do partido na Assembléia Legislativa, Tadeu Veneri (PT), disse que "o presidente pode querer, mas se vai acontecer é outra história. O partido defende a candidatura própria. Vamos ver como isso evolui". Veneri disse que é de conhecimento de todo o partido que o presidente já afirmou que seria interessante ter o PMDB e o PT aliados em cinco estados, incluindo os três da região Sul.
Já no PMDB, o clima é de preparação para uma eleição independente. A meta discutida ontem pela executiva estadual do partido é eleger dezesseis deputados estaduais, contra os oito eleitos em 2002, e dez deputados federais. Em 2002, o PMDB obteve seis vagas na Câmara Federal. O vice-presidente estadual do partido, Nereu Moura, disse que o PMDB está se preparando para disputar sozinho as eleições, mas que ainda quer ter o PT como aliado, como ocorreu em 2002.
Moura afirmou que o PMDB não abre mão de candidatura própria e que o esboço inicial da chapa seria ter o PT indicando o candidato a vice-prefeito e o PPS lançando o candidato ao Senado. "Mas o PT e o PMDB vão ter que discutir isso. Se o PMDB não tiver candidato a presidente, a tendência é de alinhamento ao PT na sucessão presidencial. E nesse caso, a evolução natural seria o PT apoiar o PMDB no Paraná. Mas cada eleição é uma história e nós temos que fazer uma avaliação mais para frente. O que não se pode é fechar as portas para um futuro entendimento", comentou. (EC)