Em clima de festa, o PMDB homologou ontem as candidaturas de Roberto Requião ao governo do Estado e de Paulo Pimentel ao Senado nas eleições de outubro deste ano. Também foram homologadas as chapas de deputados estaduais e federais.
De acordo com o estatuto partidário, os convencionais delegaram poderes à executiva regional para preencher a vaga de vice-governador e definir coligações, o que deve acontecer hoje, em reunião que começa às 18h, na sede do diretório regional.
Apesar do ceticismo demonstrado por algumas das principais lideranças do PMDB, as conversas que o partido vem mantendo com outras siglas devem continuar até hoje à tarde. Além do PSDB, aliado para a disputa nacional, o PMDB foi procurado pelo PSC do ex-secretário da Fazenda Giovani Gionédis, interessado numa eventual coligação. As decisões sobre alianças estão agora a cargo da executiva e, segundo o deputado estadual Orlando Pessuti serão tomadas dentro do prazo estabelecido pela lei, que encerra hoje, à meia-noite.
Chapa pura
Em entrevista aos jornalistas logo que chegou ao local da convenção, a sede do Paraná Clube, o senador Roberto Requião admitiu que as conversas ainda continuavam, mas só estava decidida até aquele momento a coligação com o PV: “Amanhã (hoje) a executiva decide quem será o candidato a vice. Tudo indica que será um deputado estadual do PMDB”, disse Requião, adiantando sua preferência pela chapa pura: “Não quero disputa. A disputa desgasta”, disse em relação à apresentação de várias candidaturas dentro do próprio PMDB.
O nome mais cotado era o do deputado estadual Orlando Pessuti. Mas também estavam no páreo o deputado Caíto Quintana, a vereadora Elza Corrêa e a ex-deputada Irondi Pugliesi.
Antes de se dirigir ao local da convenção peemedebista, Requião, acompanhado pelo candidato ao Senado Paulo Pimentel, prestigiou a convenção do PPS, que homologou a candidatura do deputado federal Rubens Bueno ao governo. Indagado pelos jornalistas, Requião citou as afinidades entre o seu partido e o PPS e previu: “Estaremos juntos no segundo turno”.
Votos
O processo de votação, do qual participaram 370 delegados, 85% do total, teve início ao meio-dia e a apuração foi concluída às 16h10. Requião e a chapa de candidatos às eleições proporcionais tiveram 365 votos. Numa outra cédula os convencionais decidiram se o partido teria candidato único – Paulo Pimentel – ou duas candidaturas ao Senado. A grande maioria dos votantes atendeu ao apelo do próprio Requião, da comissão executiva e das bancadas estadual e federal, optando pela candidatura única de Paulo Pimentel, com 262 votos. Noventa e quatro convencionais votaram por duas candidaturas. No apelo que fez aos correligionários, Requião disse que o lançamento de duas candidaturas poderia levar à dispersão de votos, prejudicando o partido.
Senador usa tom enérgico
O senador Roberto Requião deu um tom enérgico ao discurso que fez ontem aos convencionais, sepultando definitivamente todas as dúvidas levantadas a respeito de sua candidatura ao governo do Estado. Ressaltou que não se deixou seduzir pelas facilidades oferecidas por uma reeleição tranqüila, com votação estimada em 90%: “Faço política por ideal e para mudar as coisas. Não estou em busca da tranqüilidade e segurança de mais oito anos de mandato”.
Criticando o governo Lerner, “que se voltou única e exclusivamente para o interesse das grandes empresas”, afirmou que o PMDB entra na disputa eleitoral resgatando a bandeira de Puebla, com a opção preferencial pelos pobres, o combate ao desemprego e a defesa da empresa paranaense.
Disse que a aliança com Álvaro Dias (PDT) ficou inviabilizada pelas alianças que o antigo companheiro de legenda fez com José Carlos Martinez (PTB), José Janene (PPB) e Toni Garcia (PPB), “o deputado do sorriso e da pele queimada por lâmpadas de sol”. Denominando o grupo de “quatrilho”, ironizou o papel que esses aliados poderiam ter num eventual governo Álvaro Dias: “Não fazemos alianças com raposas políticas de cauda felpuda”, declarou.
Requião dedicou boa parte de seu discurso a enumerar as diretrizes de seu programa de governo. Considerou o pedágio “um sócio indesejável da economia e da agricultura do Paraná” e prometeu liquidar com a “exploração e a roubalheira nas estradas estaduais”. Disse que não vai nomear o secretário de Segurança Pública antes de “fazer uma limpeza na polícia. A política de combate ao desemprego será bancada pelo governo e organizada pelas prefeituras, com a formação de frentes de trabalho. E ele trará de volta programas como o Panela Cheia e o Casa da Família (SCP)
Paulo disputará o Senado
“Estou nesta campanha porque quero, gosto e me disponho a servir nossa gente”, disse Paulo Pimentel no discurso que fez aos convencionais peemedebistas, ontem de manhã, no Paraná Clube. Aplaudido entusiasticamente, Paulo explicou por que decidiu voltar a pleitear um mandato após doze anos afastado da política e com uma carreira empresarial bem-sucedida: “A campanha me rejuvenesceu tanto que me sinto com o mesmo vigor com que subi as escadarias do Palácio Iguaçu há mais de trinta anos “.
Paulo lembrou que assumiu o governo aos 36 anos, num período difícil da história do País, sob a ditadura militar e ameaças quase que diárias de cassação de mandato para aqueles que ousassem contes-tar as ordens de Brasília: “Foram cinco anos dançando numa corda bamba”, comparou, sublinhando que sua posição em defesa do estado de direito, da democracia e da liberdade de imprensa o aproximavam do MDB, partido único de oposição naquela época.
Atribuiu ao fato de abrir seus veículos de comunicação aos políticos de oposição a perseguição que continuou sofrendo depois de deixar o governo e que lhe valeu a perda da rádio Iguaçu e da programação da Rede Globo.
Qualidades
Reafirmou sua vontade de defender os interesses do Paraná em Brasília e apontou as qualidades do candidato do PMDB ao governo, Roberto Requião, como um estímulo para aceitar o desafio que se coloca à sua frente: “Fiz parceria com Requião porque ele tem todas as qualidades que prezo”.
Segundo Paulo, com ele estão de volta dois conceitos de seu governo, “Paraná, aqui se trabalha”, e o homem do chapéu de palha, que coincidem com a opção preferencial pelos pobres que vai nortear a campanha peemedebista e com os anseios da população: “O povo exige que seu representante seja enérgico, sério, responsável e eficiente”, ressaltou Paulo, expressando sua confiança na vitória e na qualificação do PMDB para dar ao Paraná os rumos que seu povo deseja. (SCP)