No último dia do prazo para a mudança de partidos dos candidatos às eleições do próximo ano, encerrado ontem, o PP escapou da quase extinção na Assembléia Legislativa com a decisão da deputada estadual Cida Borghetti de permanecer no partido.
A deputada e o seu marido, o deputado federal Ricardo Barros, anunciaram ontem que, depois de uma série de consultas aos aliados de suas bases eleitorais, a região norte, optaram por concorrer pelo PP no próximo ano. "Achamos que podemos ajudar na imagem do partido e decidimos não abandonar a sigla num momento difícil", afirmou Cida. Junto com o deputado Duilio Genari, Cida formará a bancada do PP na Assembléia Legislativa que perdeu seus dois deputados – César Seleme e Geraldo Cartário – para o PMDB.
Com alguns de seus integrantes na lista de acusados de receber pagamento do governo federal para dar apoio aos seus projetos no Congresso Nacional, o PP sobreviveu à crise. Na bancada federal paranaense do partido, não houve nenhuma baixa. A bancada é formada por Dilceu Sperafico, presidente estadual do partido, José Janene, líder da bancada e Nelson Meurer.
Nas últimas semanas, Cida e Barros negociaram uma transferência para o PSDB, PFL e PDT. Em nota divulgada ontem, Barros afirmou que faz parte da executiva nacional do PP e continua incorporado à ala do partido de oposição ao governo do presidente Lula (PT). Na votação para a presidência da Câmara, o partido decidiu votar com o governo e a maioria dos votos foi para o deputado Aldo Rebelo (PCdoB).
Recorde
O PTB, que também estava no centro da denúncia do mensalão feita pelo ex-deputado Roberto Jefferson, registrou uma baixa na Câmara Federal: a do deputado Airton Roveda. É a segunda vez neste mandato que Roveda deixa o PTB. Desta vez, o destino de Roveda foi a bancada do PPS, onde está César Silvestri.
Roveda tem uma trajetória partidária das mais versáteis na bancada de deputados federais do Paraná. Eleito suplente em 2002 pelo PTB, Roveda mudou-se para o PMDB, já em 2003. Voltou para o PTB em 2005. Antes disso, o deputado paranaense passou pelo PT, PDT, PFL e PSDB. Foi prefeito da União da Vitória entre 93 e 96, pelo PMDB. Elegeu-se pelo PT pela primeira vez à Câmara Federal.
Indefinições
As mudanças partidárias foram realizadas sem que o Congresso Nacional decidisse sobre a permanência ou não da verticalização das coligações, a regra que obriga os partidos que lançarem candidato à presidência da República a reproduzir, nos estados, as mesmas alianças que fizerem para a sucessão presidencial. As normas deveriam ser aprovadas no mesmo prazo de mudanças partidárias para valer em 2006. Mas ainda há tempo de aprovar uma emenda constitucional, de autoria do deputado Ney Lopes (PFL-RN), que prorroga para dezembro deste ano o prazo para alteração na legislação eleitoral. O prazo de mudanças partidárias, entretanto, não será alterado, conforme algumas interpretações.
Além desta proposta, outras sobre a reforma política estão tramitando no Congresso. Uma delas, o Projeto de Lei 5.585/05, do Senado, que proíbe a boca-de -urna; considera crime eleitoral a formação de caixa dois; permite o recebimento de doações de entidades de classe e sindicais; proíbe o "showmício"; e diminui, em quase um mês, o período de propaganda eleitoral. A matéria tramita na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara.