O PT e o PMDB do Paraná começaram ontem, 5, oficialmente as negociações para fazer uma aliança no segundo turno das eleições. O encontro foi realizado em Curitiba, entre as executivas estaduais dos dois partidos, que discutiram as bases de uma aliança no Paraná para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador licenciado Roberto Requião (PMDB).
Por enquanto, as direções concordaram que lideranças e militantes peemedebistas e petistas poderão formar comitês conjuntos de apoio a Lula e Requião. Já a formalização do acordo passa pelo anúncio público do apoio de Requião a Lula. Em 2002, PT e PMDB já estiveram juntos nas campanhas de Lula e Requião.
Por enquanto, o PMDB não tem pressa de vincular Requião a Lula e vai empurrar a decisão ?com a barriga? até onde puder. ?O Requião está avaliando para saber o que o nosso eleitor está querendo. A maior parte do PMDB e dos deputados vai apoiar o Lula. Quanto ao Requião, é preciso avaliar as conseqüências?, explicou o vice-presidente estadual do PMDB, Nereu Moura, que participou da reunião.
O PMDB acha que a derrota de Lula no Paraná, onde o presidente fez 37,90% dos votos contra 53,01% do candidato tucano Geraldo Alckmin, é um dado importante para orientar a decisão de Requião. ?Primeiro, nós queremos que a aliança venha de baixo para cima?, disse Moura. ?De uma coisa nós temos certeza. A maioria do eleitor do Flávio Arns no primeiro turno já está apoiando o Requião. E no PMDB, muita gente apóia o Lula. Não precisamos ser rápidos?, afirmou.
Há, entretanto, uma corrente no PMDB que aconselha o governador a permanecer neutro para não chamar para si a rejeição da classe média paranaense a Lula, onde os mapas eleitorais combinados às pesquisas de intenções de votos localizaram a maior resistência ao candidato.
Tempo
Mas na cúpula do PT a expectativa é de que o governador se defina até a semana que vem, antes do início do horário eleitoral gratuito nas emissoras de rádio e televisão. Enquanto o governador não se definir, nem Lula, nem o senador Flávio Arns e nem a candidata ao Senado, Gleisi Hoffmann, formalizam o apoio a Requião. Esta é a posição pública da direção do partido.
No caso de Gleisi, ela já declarou seu voto pessoal ao governador no dia da eleição. Mas para abraçar a campanha de Requião, a candidata – que fez 45,14% dos votos no estado – depende do sinal do partido.
Hesitação
Ontem, o presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, cancelou a entrevista coletiva em que anunciaria sua saída da campanha de Geraldo Alckmin. Dobrandino, um peemedebista anti-lula bem conhecido dos petistas desde a eleição de 2002, quando o PT apoiou seu adversário na eleição para prefeito em Foz do Iguaçu, ainda não tem data para anunciar sua neutralidade na campanha.
Já o presidente estadual do PT, André Vargas, que se mostra publicamente hostil ao governador, está pronto para esquecer o passado. Vargas afirmou na reunião que o ideal seria Requião declarar apoio a Lula oficialmente, mas que se não acontecer, o apoio do PMDB já é suficiente.
Na próxima segunda-feira, peemedebistas e petistas voltam a se reunir. Até lá, é possível que deputados peemedebistas anunciem a adesão à reeleição de Lula. Seria o combustível para garantir a continuidade das negociações na próxima reunião.