| Walter Alves |
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| Requião, entre Quércia (esq.), Sarney e Andrade: “PMDB não pode negociar cargos”. |
Numa reunião ontem em Curitiba, os dissidentes do PMDB nacional decidiram adiar do próximo dia 25 para o dia 16 de fevereiro a convocação da convenção extraordinária do partido para fechar a posição do partido diante do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e propor a mudança da direção nacional.
O grupo também avalizou a candidatura do ex-presidente José Sarney à presidência da Senado, independente da postura da bancada peemedebista no Congresso.
As deliberações foram tomadas em conversa de mais de duas horas na sede do diretório regional do PMDB em Curitiba. Na reunião, coordenada pelo governador Roberto Requião, estavam o senador José Sarney (AP); o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia; os senadores Cassildo Maldaner (SC), Maguito Vilela (GO) e José Maranhão (PB); e dirigentes do partido de vários Estados, como do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Maranhão; e ainda o novo presidente do PMDB estadual, deputado federal Gustavo Fruet.
O encontro, que Requião definiu como do “PMDB velho de guerra”, reafirmou o apoio do grupo ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, além de lançar Sarney para o comando do Senado, decidiu que a ala vai ter candidatos próprios às lideranças da Câmara e do Senado. Para a presidência da Câmara, o grupo vai apoiar o deputado João Paulo Cunha (PT).
Sem adesismo
Requião disse que o apoio do PMDB a Lula não pode ser objeto de negociações e adesões remuneradas. E que deve ser aprovado diante do compromisso do novo governo de retormar o desenvolvimento do país. “Não agüentamos mais que o PMDB fique nas mãos de meia dúzia, negociando cargos e posições por votos. Nós queremos restabelecer aquele velho PMDB doutrinário”, afirmou o governador. Ele disse que o grupo pretende mudar a direção do partido num processo eleitoral “sem violência”.
O senador José Sarney disse que é necessário reconstruir a identidade e as relações do PMDB com o governo. “No momento em que o País está retomando suas bandeiras sociais, o nosso partido não pode estar ausente. Não podemos esquecer que as bandeiras das transformações sociais que levaram Lula à vitória nasceram e cresceram dentro do PMDB”, comentou. Sarney disse ainda que tem recebido “sinais de estímulo” do PT para sua candidatura ao Senado.
Em pé-de-guerra com a direção nacional o partido, que decretou intervenção no PMDB de São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia disse que o atual comando do partido não tem mais a confiança das bases e que agora o PMDB tem a chance de ter uma relação saudável com o novo governo. “Esta direção levou o PMDB a se vincular definitivamente com o governo Fernando Henrique Cardoso, quando a base do partido sempre foi contra a política econômica de FHC”, avaliou.
O senador Maguito Vilela afirmou que somente a instância superior do partido – a convenção nacional – tem o poder de definir o apoio oficial a Lula. “Não será o presidente ou um líder que dirá se o partido deve apoiar o governo ou não. Nós defendemos o apoio ao governo como a base do partido. Chega de Geddel (Geddel Vieira, líder do PMDB na Câmara), Renan (o senador Renan Calheiros) e Michel (o deputado federal Michel Temer, presidente do partido) decidirem as coisas pelo PMDB.