Foto: Agência Brasil |
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Michel Temer, presidente do PMDB: "Quem vai dar a decisão final será o Judiciário". |
O PMDB decide hoje em convenção nacional se vai lançar ou não candidato próprio à presidência da República. Os 528 convencionais do partido desembarcam no auditório Petrônio Portela, no Senado, a partir das 9 horas para uma jornada de debates. Mesmo se a grande maioria optar em deixar o PMDB livre nos estados para eleger o máximo de governadores e uma bancada federal mais expressiva, uma estratégia que une as alas governista e de oposição ao Planalto, a briga interna não estará encerrada.
"Quem vai dar a decisão final será o Judiciário", afirmou o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), deixando claro que a convenção não esgotará a polêmica da candidatura própria e que o partido continuará rachado. Na interpretação de Temer, para derrubar a candidatura própria será necessária a presença de, no mínimo, 352 convencionais. Isso representa dois terços do total de membros, o mesmo quórum que foi exigido em 2004 na convenção que aprovou a candidatura própria.
Em relação ao número de votos, a polêmica pode também parar na justiça. Os aliados do pré-candidato ao Planalto, Anthony Garotinho, defendem que é preciso ter dois terços dos 726 votos da convenção, ou seja, 484 votos. Muitos convencionais têm mais de um voto. Temer, por exemplo, tem quatro. Já quem deseja derrubar a candidatura própria acha que essa tese só pode cair com o apoio da maioria dos presentes.
Para se prevenir contra as iniciativas de Garotinho destinadas a impedir e anular a convenção de hoje, a cúpula do PMDB convocou uma reunião extraordinária da Executiva Nacional para ontem à noite na tentativa de definir as regras da votação. A idéia nasceu na véspera, durante jantar na casa do presidente da República em exercício, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que terminou mais de três horas da madrugada.
Mesmo considerando que tem votos suficientes para derrubar a candidatura própria, a maioria da cúpula teme que a discussão sobre a legalidade da convenção se arraste até junho, tumultuando ainda mais as composições eleitorais nos estados. Aliados do governo, como o senador José Sarney (PMDB-AP), estão confiantes e acham que haverá maioria para isolar Garotinho. O deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) previu mais de 400 votos em favor da liberdade do PMDB de fazer as coligações mais convenientes no Estado.
"A perspectiva é que tenhamos uma ampla maioria em favor das alianças estaduais", disse, também otimista, o senador Renan Calheiros. Mas o deputado Michel Temer foi seco. "Eu não tenho prognóstico". Ele previu, contudo, a presença maciça de convencionais, o que é importante para dar o quórum legal de dois terços. Para evitar tumultos e provocações dos aliados de Anthony Garotinho, seguranças do Senado vão barrar os "penetras" e o partido distribuirá senhas para o acesso de outros cem convidados.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que a candidatura de Garotinho é "um direito adquirido", conquistado nas prévias realizadas em 19 de março quando ele venceu com mais de 50% dos votos. Além disso, argumentou que, em 2004, a tese da candidatura própria saiu vitoriosa na convenção. " Essa convenção agora é inócua e deveria ter sido realizada antes das prévias", alegou. "É uma convenção legítima e está respaldada no estatuto do PMDB", rebateu Eunício Oliveira.
