O departamento jurídico da coligação Paraná Forte negou ontem que tentou censurar a imprensa com o pedido de providências junto à Corregedoria do Ministério Público do Estado do Paraná para que apurasse o vazamento de informações sobre investigações do chamado ?caso Razera?.
O advogado da coordenadoria jurídica da campanha, Guilherme Gonçalves, disse que o que ocorreu foi uma interpretação errada sobre os termos usados no pedido, e que em nenhum momento solicitava a quebra do sigilo das conversas telefônicas de jornalistas. ?Fizemos o pedido para que a corregedoria do Ministério Público apurasse o desvio de conduta de promotores ou servidores que possam ter vazado informações e documentos que estavam sob sigilo investigativo?, falou.
O advogado da campanha de Requião garantiu que a quebra de sigilo telefônico seria para identificar qual servidor ou promotor teria passado a informação, mas nunca o conteúdo da conversa. Essa interpretação errônea ?criou um frenesi na imprensa?, afirmou Gonçalves, completando que é como se, ?de uma hora para outra, o governador Requião, que é um notório defensor da imprensa e da democracia, fosse um perseguidor de jornalistas?.
Segundo Gonçalves, o pedido de providências foi protocolado pela coordenação jurídica sem consultar a coordenação geral da campanha nem o candidato a reeleição, Roberto Requião, ?porque temos a competência como advogados e por ser uma providência corriqueira?. A decisão foi tomada, argumenta o coordenador, porque um jornal – referindo-se a Gazeta do Povo – vinha ?sistematicamente noticiando? com base em documentos que estavam sob sigilo de investigação, informações que davam a entender que havia alguma relação do governador, seus secretários e assessores com o policial Délcio Razera, preso, entre outros crimes, por escuta ilegal. Gonçalves disse que as informações repassadas para os jornalistas ?eram retiradas com bisturi?, ou seja, apenas aquelas que induziam a um envolvimento.
Ele garantiu que o equívoco de interpretação será desfeito quando a coligação do Paraná Forte regularizar o pedido de providências junto a corregedoria do MP. Gonçalves admitiu que isso vinha prejudicando a campanha de Requião, até porque o adversário Osmar Dias estava usando as informações no horário político, dizendo que reproduzia matérias da imprensa, para o que não cabia pedido de direito de resposta na justiça.
Sobre a tentativa de impedir a publicação de uma matéria sobre o mesmo assunto no jornal Folha de S.Paulo, Guilherme Gonçalves afirmou que o pedido de ?tutela inibitória e não de censura? se deu porque a jornalista que fez a matéria obteve informações de interceptação telefônica ilegal. Ele garantiu que a coligação não teme os conteúdos, porém ?quando a obtenção de uma prova é ilícita, toda a conseqüência dessa prova também é ilícita, e mesmo que se revele conduta grave, não pode sofrer condenação por causa disso?.