Foto: Fábio Alexandre/O Estado

Requião compareceu ontem, na Boca Maldita, em Curitiba, em manifestação dos candidatos do PMDB.

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Apesar do impasse jurídico entre os tucanos, o PMDB considera selada a aliança com o PSDB. O governador Roberto Requião (PMDB) e o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), reuniram-se ontem de manhã, em um hotel no centro de Curitiba, respaldados em uma decisão judicial que permitiu ao deputado tucano lavrar em ata do seu partido a sua candidatura a vice-governador, contornando a decisão da direção nacional do PSDB que anulou a convenção realizada na quinta-feira passada, quando foi aprovada a coligação com o governador Roberto Requião. Os partidos têm até o dia 5 para oficializar suas candidaturas na Justiça Eleitoral.

O governador e Brandão estiveram juntos na Boca Maldita, onde militantes do PMDB os esperavam. Requião disse que acredita na superação dos problemas formais da coligação. Ontem, Brandão anunciou que entrará com recurso judicial em uma instância superior – ele não sabia ainda se o Tribunal Superior Eleitoral ou o Superior Tribunal de Justiça – para revogar a decisão do presidente nacional do partido, senador Tasso Jereissati. "Nós temos certeza que vamos reverter essa situação. Eles não têm amparo legal", disse.

Requião afirmou que Brandão é seu vice até a decisão final do partido e que, mesmo diante de uma eventual impossibilidade jurídica, o deputado tucano estará na sua campanha, ainda que excluído da chapa majoritária. "Nossa chapa está mantida. Mas se não puder, o Hermas e a base tucana estarão conosco do mesmo jeito. O Hermas e os deputados deram respaldo ao nosso governo e não nos faltaram em nenhum momento", afirmou o governador.

Apoio formal

O presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, disse que a ata do partido já estava fechada quando o PSDB nacional anulou a coligação. Na ata, segundo Dobrandino, consta a indicação de Brandão como candidato a vice-governador e o apoio formal do PMDB às candidaturas de Alvaro Dias ao Senado e de Geraldo Alckmin à presidência da República.

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O governador Roberto Requião, entretanto, disse que o candidato ao Senado do PMDB será o governador Paulo Pimentel . "Paulo é candidato ao Senado, tem complicações legais, mas isso se esclarece em dois ou três dias. O Alvaro já disse que não quer estar conosco. E não tem como ele estar conosco a não ser que ele cumpra o rito do perdão, que é o arrependimento, a confissão e a penitência. Mas não vejo sinal disso. Só vejo ódio no coração do Alvaro", ironizou.

Requião também disse que mantém sua posição em relação à sucessão presidencial até conhecer os projetos de governo que os candidatos irão oferecem ao país. "A convenção do PMDB tomou uma posição, tudo bem, mas a minha posição todo mundo conhece. Estou esperando proposta bem claras que defendam o interesse do Brasil, que beneficiem os trabalhadores, com vezo nacionalista indiscutível. Eu não vi proposta alguma o que estou vendo é um falar mal do outro só ", afirmou o governador. Para Requião, algumas posições dos candidatos são determinantes.

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"Quero saber o que querem fazer com o Porto de Paranaguá, o que esta quadrilha que quis vender a Copel que se reúne hoje em torno de uma candidatura pretende com o Paraná. Como ficam os candidatos presidenciais em relação as concessões do pedágio, a Sanepar, a Copel, ao ensino publico. Não é uma artimanha, não é um jogo, um truque. As coisas têm que ser extremamente claras", declarou Requião. 

Brandão pede apreensão de ata

As divergências políticas do PSDB chegaram à esfera judicial anteontem à noite. O presidente estadual do PSDB, Hermas Brandão, ingressou com uma ação na Justiça pedindo a busca e a apreensão da folha de votação e da minuta da ata da convenção tucana, realizada quinta-feira, que aprovou a aliança com o PMDB. Brandão obteve uma liminar e na noite de sexta-feira, o oficial de Justiça foi até a casa do presidente do PSDB, Valdir Rossoni. O oficial de Justiça foi informado que Rossoni não estava em casa. Foi feito, então, um acordo para que o presidente estadual do PSDB entregasse os documentos ontem, pela manhã, na sede do partido.

Rossoni disse que a ata ainda estava sendo feita, mas que o resultado da convenção foi registrado. O documento reproduz o resultado da votação, no qual a aliança com o PMDB venceu por uma vantagem de cinco votos contra a proposta de liberação do partido.

Brandão ingressa com nova ação na próxima segunda-feira, para anular a decisão nacional, mas disse que, antes disso, espera entrar em um acordo no seu partido. "Estou buscando um entendimento entre as partes. Essa briga não interessa a ninguém. Nós temos que sair fortalecidos", afirmou.