Moura também quer investigar exploração
de jogos no governo Lerner.

O deputado Nereu Moura (PMDB) vai propor a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os bingos no Paraná. Ele solicitou uma reunião da bancada do PMDB na Assembléia Legislativa na próxima quarta-feira (dia 4) para deliberar sobre a proposta.

Moura disse que a CPI pode fazer uma investigação ampla sobre o funcionamento das casas de bingo e também a respeito da concorrência feita pelo governo Jaime Lerner para a exploração dos jogos de videoloteria, vencida pela Larami Diversões e Entretenimento. A empresa operou até abril do ano passado, quando o governador Roberto Requião proibiu a atividade no estado. Moura citou que a empresa teria como um dos sócios Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, envolvido no caso do assessor do ministro da Casa Civil, José Dirceu, Waldomiro Diniz, acusado de arrecadar doações de lotéricas e bingos para campanhas petistas.

Moura disse que, em 2001, encaminhou a denúncia de irregularidade na concorrência para os serviços de videoloteria ao Ministério Público Estadual e propôs a instalação de uma CPI. “Na época, não tínhamos condições políticas para fazer a CPI. Éramos minoria em plenário. Agora, a situação é diferente e podemos esclarecer tudo isso”, afirmou.

O deputado peemedebista disse que o governo atual não teme as possíveis tentativas da bancada de oposição de envolver o secretário da Casa Civil, Caíto Quintana, e o presidente da Cohapar, Luiz Claudio Romanelli, nas denúncias. Conforme uma fita de vídeo divulgada no ano passado, os dois foram a um bingo pedir votos para os funcionários. Quintana era candidato a deputado estadual e sua conversa com os funcionários foi divulgada pelos adversários políticos como uma prova de que defendia a regulamentação dos bingos. “Qualquer candidato a deputado poderia pedir votos para os trabalhadores de um bingo. Não há nenhum crime nisso”, justificou Moura.

Apoio

Moura também vai propor na reunião da bancada o apoio dos deputados peemedebistas à indicação de um petista para a vaga do deputado Natálio Stica na 1.ª vice-presidência da Assembléia Legislativa. Stica foi convidado para assumir a liderança do governo.

Sindicato desafia Delazari

O presidente do Sindicato das Empresas Administradoras de Bingos do Estado do Paraná (Sindibingo), Luiz Eduardo Dib, desafiou ontem o secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, para um debate técnico público sobre a questão dos bingos no Estado. Segundo Dib, Delazari acusou por várias vezes os bingueiros do Paraná de estarem envolvidos com o narcotráfico e com lavagem de dinheiro. Todavia, segundo o presidente do Sindibingo, nada de concreto foi apresentado pelo secretário.

“Quero que ele apresente qualquer ação contra algum proprietário de bingo numa vara Cível, Criminal, da Fazenda Pública ou Federal. Estamos cansados de ser acusados de ladrões e narcotraficantes sem nenhuma prova”, esbravejou, afirmando que se houver alguém envolvido que pague por isto. Dib desafiou Delazari a apresentar os processos e dar nome aos envolvidos com lavagem de dinheiro e outros crimes. Ele ressaltou que os bingos nunca trabalharam no Paraná sem algo que os garantisse, como a legislação estadual do governo passado ou liminares judiciais.

Quando questionado se aceitaria um debate com o governador Roberto Requião (PMDB), outro que sempre liga o bingo ao crime organizado, Dib também aceitou. “Tudo bem. Queremos que a opinião pública conheça sobre o assunto. Como funcionavam os bingos. Agora que eles provem algum envolvimento nosso com o crime organizado. Não adianta dizer que o cidadão do Mato Grosso ou qualquer outro lugar está envolvido. Os empresários paranaenses têm que ser respeitados, não sendo generalizados como criminosos”, disse.

Para Dib, a generalização é um processo errado. “Quando um juiz vende sentenças não se pode acusar todo o poder Judiciário de corrupto”, comparou. Dib reclamou do fato de o Village Batel, mesmo com uma liminar favorável do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, ter sido fechado pela Secretaria de Estado da Seguranca Pública antes mesmo que a MP proibindo os bingos tivesse sido publicada.

Dossiê

A assessoria do secretário Delazari informou que ele reafirma as declarações feitas e o envolvimento do bingo com o crime organizado. Um dossiê feito pela Comissão Nacional contra o Jogo do Bingo, da qual Delazari faz parte, será entregue na semana que vem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Nesse dossiê constam todos os documentos que comprovariam o envolvimento dos bingueiros paranaenses com o crime organizado.

Empresas definem reação

A medida provisória (MP) editada na semana passava pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva proibindo o bingo e as máquinas de videoloteria no Brasil não foi o capítulo final da novela dos bingos no Paraná. Ao menos é assim que pensa o presidente do Sindibingo, Luiz Eduardo Dib. Ele, que quando do anúncio da MP se manifestou favorável à ação do presidente, ontem informou que os bingueiros de todo Brasil estão se organizando de forma conjunta para tentar a reabertura das casas.

Dib disse que reuniões com a Associação Brasileira dos Bingos (Abrabin) e todos os sindicatos e associações de bingueiros de todo Brasil estão acontecendo nos últimos dias. “Até o final da semana devemos ter algo mais concreto para falar. Vamos tomar ações conjuntas”, revelou.

O líder dos proprietários de bingo do Paraná revelou que a paralisação do jogo se fazia necessária, já que não havia uma regulamentação única que diga o que pode, o que não pode e como pode ser feito o jogo do bingo. “Do jeito que estava não poderia continuar. Cada estado de um jeito e brigas intermináveis na Justiça. Mas acredito que foi apenas uma parada, não o fim dos bingos no Brasil”, disse no dia do anúncio da MP. (LM)

Força Sindical condena fechamento

São Paulo (AE) – A Força Sindical vai realizar hoje assembléias em várias casas de jogos da capital paulista e de Santos em protesto contra o fechamento dos bingos. A medida, anunciada na semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, proíbe o funcionamento de bingos em todo o País. Estima-se que 320 mil postos de trabalho poderão ser fechados com a proibição feita pelo governo.

“Serão assembléias nas quais iremos informar os trabalhadores sobre a situação da categoria. Será também uma espécie de preparação para a manifestação de segunda-feira (1)”, informou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. Na próxima segunda-feira, às 10h, a central sindical pretende realizar um ato em frente ao vão livre do Masp na Avenida Paulista, onde espera reunir pelo menos dez mil trabalhadores.

De acordo com Paulinho, a Força elaborou ontem um documento que será entregue ao Ministério do Trabalho pedindo uma audiência com o governo para discutir a legalização dos bingos. O líder sindical disse que prefere não considerar o termo “estatização”, conforme anunciou o governo, mas sim pedir a legalização da categoria. “É muito complicado deixar o setor nas mãos do governo. Sou a favor de a responsabilidade ficar por conta do setor privado.”

Minas

O presidente do Sindicato das Empresas Administradoras de Bingo do Estado de Minas Gerais (Sindbingo-MG), Jorge Mioto, disse ontem que os estabelecimentos mineiros deverão impetrar, até o final desta semana, pedidos de liminares contra a Medida Provisória 168, que proibiu os bingos e caça-níqueis em todo o País.

São Paulo

A VVS Promoções e Eventos, que representa o Bingo Estação de Carapicuíba, deu entrada ontem na Justiça Federal em São Paulo com o primeiro mandado de segurança contra a medida provisória publicada no sábado (21) que proíbe o funcionamento dos bingos em todo o País. O processo será distribuído a uma das varas do Fórum Federal cujo juiz decidirá sobre o pedido de liminar que objetiva a imediata reabertura da casa.

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